“12 Anos Escravo (12 Years a Slave)” de Steve McQueen
O ano começa… com o mais forte candidatos aos Oscars® de 2013! Daqui só para baixo, certo? Errado!
Janeiro (e Fevereiro) é, há largos anos, a altura nobre do cinema em Portugal, ou não estreasse por cá a larga maioria dos candidatos aos prémios de Melhores do Ano. Este ano não é exceção, com o bónus das distribuidoras se terem esmerado em nos apresentar (no mínimo) um grande candidato por semana. Parece-me bem.
O primeiro do cabaz de inverno a chegar ao nosso país – logo no dia 2 de janeiro – é 12 Years a Slave. Steve McQueen, um elenco recheado de imenso talento e uma incrível história verídica.
Com apenas 3 filmes (antes deste, Hunger e Shame), o britânico McQueen é já um caso sério da 7ª arte. Uma greve de fome, um viciado em sexo e, agora, um escravo à força. O talento de um realizador multifacetado, senhor de uma visão muito própria e especial.
Ator fetiche de McQueen (e protagonista do seus 2 filmes anteriores), Michael Fassbender continua lado a lado com o “seu” realizador, ainda que desta vez assumindo um papel mais secundário. Não que ele se queixe. O papel para ele reservado é deveras suculento e o ator irlandês não se fez rogado. Resultado? A sua 1ª nomeação aos Oscars®.
De qualquer forma o maior destaque terá de ir para Chiwetel Ejiofor, inevitavelmente. Durante mais de 2h o seu Solomon Northup é arrastado, enganado, manipulado, mal tratado e espezinhado. Tanto como homem livre, como na pele de escravo. Ejiofor mantém a mesma paixão, a mesma raiva, o mesmo empenho. O londrino, “rotulado” de ator de composição, assume o primeiro grande papel de protagonista da sua carreira e não há nada a apontar.
Depois dos destaques individuais, aos quais se deve acrescentar o sentido desempenho da estreante Lupita Nyong’o – confesso que não me encheu totalmente as medidas mas é, de facto, uma das 9 nomeações do filme -, chega a hora de louvar o resultado global. Os momentos de angústia são frequentes, o desespero que se sente nas personagens vilipendiadas é doloroso, o sadismo dos mais poderosos revoltante. McQueen é um realizador de emoções, de vícios, de convicções e este 12 Years a Slave é, até ao momento, o seu filme mais robusto e completo.
Mais chocante do que assistir ao próprio filme só mesmo interiorizar que o mesmo é baseado numa história verídica, a de Soloman Northcup, mas também a de milhões de outros escravos… e de milhares de outros afro-americanos “tornados” escravos de forma abrupta. E ninguém melhor do que McQueen para filmar tamanha violência (física e psicológica).
O filme é muito bom!
Não saí deslumbrado. Dentro do tema, senti mais The Butler.
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