“O Clube de Dallas (Dallas Buyers Club)” de Jean-Marc Vallée
Agora é fácil, dirá a maioria, mas já quando saí da sala no início de dezembro, depois da antestreia do filme, estava convencidíssimo que a nomeação aos Oscars® não escaparia aos dois atores. Na altura escrevi apenas “Grandes desempenhos de Matt e Jared“.
Hoje, digerido o filme (e os desempenhos) e confirmada a maioria dos candidatos em ambas as categorias, só posso concluir que será uma injustiça se ambos não regressarem a casa no dia 2 de março com a estatueta dourada na mão!
A história (verídica) é marcante. Mostra uma realidade que parecerá demasiado estranha aos mais jovens que já cresceram com uma imagem diferente da SIDA e o HIV. Ainda assim, por mais extraordinária que o passado soe, nada bate os desempenhos de Matthew McConaughey e Jared Leto.
Para além de encarnar com incrível autenticidade o desbocado e desbagado texano, Ron Woodroof, Matt (também ele um texano de gema) tem uma daquelas transformações físicas que, por norma, não escapam ao reconhecimento da Academia. Já o vocalista dos 30 Seconds to Mars está totalmente irreconhecível, e o seu (ou a sua) Rayon é uma figuraça inacreditável! E pensar que este é o primeiro filme de Jared em 5 anos…
Meados da década de 80. Ron (McConaughey) é um peão de rodeio, trapaceiro, mulherengo, homofóbico e bon vivant que vive de expedientes pouco recomendáveis… até ao dia que lhe é diagnosticado o vírus HIV. Depois de lhe darem apenas 30 dias de vida Ron tem 2 opções: deixar-se morrer ou dar luta a uma doença praticamente desconhecida. A sua perseverança irá levá-lo ao México, onde novos medicamentos estão a ser testados, com resultados surpreendentes. E como Ron não se deixa ficar, monta um esquema de contrabando dos medicamentos para ganhar umas massas e “ajudar” os seropositivos norte-americanos, na sua larga maioria homossexuais. Até que conhece Rayon (Leto), um travesti que lhe irá mudar a vida…
Há uma química incrível entre Matthew e Jared. A sua dinâmica e interação desenvolve-se a um ritmo frenético mas é tão natural e autêntico que não podemos deixar de sentir uma enorme empatia por ambos. Pode parecer tudo muito estranho mas ao mesmo tempo parece bem real.
Uma palavra para Jean-Marc Vallée. O realizador canadiano que surgiu perante as massas com o singelo The Young Vitoria, deslumbra pela coragem e assertividade com que agarra um tema extremamente complexo mas que surge aqui com imensa naturalidade e até algum humor. Muito bom!
Por vezes é no mais improvável dos cenários e na mais bizarra das situações que descobrimos as mais marcantes lições de vida. Dallas Buyers Club é tudo isso!
Quando ao adiamento da sua estreia em Portugal, nada mais certeiro, ainda que desconfie que não foi assim tão propositado como possa parecer…