“Ao Encontro de Mr. Banks (Saving Mr. Banks)” de John Lee Hancock
A montanha pariu… um rato!
A expressão popular nunca fez tanto… ou não estivéssemos perante o próprio Walt Disney!
Uma História catita, um realizador com pedigree, uma protagonista de renome e um secundário (ou contraponto) de elevadíssimo nível. Os astros pareciam alinhar-se para que Saving Mr. Banks se tornasse num dos fenómenos da temporada.
Mary Poppins, Walt Disney, os anos 60, a produção de um dos filmes (musicais) mais amados do cinema, não faltavam motivos aliciantes para levar as expetativas aos píncaros.
Mas nem tudo que reluz é ouro e por muito que seja um regalo ver surgir na grande tela P.L. Travers e, sobretudo, o ‘Rei Midas’ Walt Disney (apenas Tom para o representar!), a verdade é que no final o que fica é um certo… vazio.
O que à partida pareceria ser uma história deveras cativante, acaba por se destacar bem mais pelo que não diz/conta, do que pelo que vemos no filme. A complexidade e delicadeza necessárias para “mexer” em duas personalidades tão marcantes e reconhecidas do panorama mundialmente, faz com que Saving Mr. Banks se mantenha demasiado à margem dos “reais” acontecimentos.
Quem era afinal P.L. Travers, quem era afinal Walt Disney, quem era afinal Mary Poppins? É verdade que não estamos perante um qualquer biopic que pretenda dissecar cada uma destas figuras mas contar a História sem nos dar a conhecer com maior detalhe os seus elementos principais é como falar da Disney, sem mencionar o… rato Mickey.
A deliciosa história que envolve a adaptação de Mary Poppins à 7ª arte, com todos os seus pequenos segredos e revelações mais que justifica a sua dramatização cinematográfica mas (e parece haver sempre um ‘mas’) não chega a ser o filme que estávamos à espera.
Emma Thompson é supercalifragilisticexpialidocious como P.L. Travers. O misto de rigidez britânica e de robustez australiana da escritora é evidenciado em cada detalhe da performance da atriz londrina. Há uma fragilidade e, ao mesmo tempo, uma determinação feroz nos olhos e nos gestos reproduzidos.
Já Tom Hanks é enigmático (talvez seja mesmo a melhor palavra) na pele de Walt Disney. Durante o filme é charmoso, atrevido e pragmático q.b. mas não deixa de transparecer, igualmente, o lado mais enevoado desta mítica personalidade. E quando saímos da sala há detalhes que nos ressoam na cabeça noite fora.
Confesso que esperava mais. John Lee Hancock que tão boa conta deu de si no encantador The Blind Side, parece não ter conseguido, desta vez, deixar o seu cunho. As personagens e os desempenhos mereciam outra força, outra frontalidade… e bem menos cantorias e demais frivolidades.
Ficou em dívida connosco.
Para quem (como eu) nunca viu Mary Poppins!