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“Quando Tudo Está Perdido (All is Lost)” de J.C. Chandor


Começo por confessar a minha vasta e longínqua admiração por Robert Redford (não será necessário grandes explicações, certo?) e a minha rápida admiração por J.C. Chandor, o realizador do eletrizante Margin Call!

Depois do sucesso e da nomeação ao Oscar® – de Melhor Argumento Original – com o seu filme de estreia, Chandor volta “à carga” com mais uma obra invulgar e arriscada. O jovem de New Jersey constrói uma narrativa virtuosa e desconcertante contando com um brilhante desempenho do veterano Redford. Um tour de force emblemático que incompreensivelmente não foi suficiente para garantir ao criador do Sundance Film Festival uma nomeação ao Oscar® de Ator Principal – precisamente 40 anos depois de The Sting!

Apenas um ator, total ausência de diálogo (logicamente!), muito pontualmente um ou outro monólogo inspirado e raríssimas interjeições a sair da boca do protagonismo. O som – a única nomeação alcançada pelo filme – resume-se à envolvência, ao cenário e a todos os componentes naturais, humanos e cenográficos que pontificam no filme.

Redford é um solitário viajante que percorre os mares calmos do Oceano Índico sem aparente rumo ou motivação. Até que uma série interminável de percalços irá testar até ao limite todo o seu talento como marinheiro, homem e sobrevivente.

Durante 1h30 deparamo-nos com o infortúnio de um homem que – pelo menos pelo que nos é dado a perceber – nada fez para o merecer. Isolado no mundo, maltratado pelo acaso e pela mãe natureza, vamos assistindo, impotentes, a este periclitante fado.
Mas este não é apenas um retrato desolador e desesperado é, também, uma ode ao espírito desenrascado, esperançoso e voluntarioso de um homem que não se resigna, mesmo perante o cenário dantesco com que se depara.

All is Lost é um belo ensaio sobre a condição humana mas é, também, um filme recheado de ironia, de pequenos momentos deliciosos e de uma originalidade ímpar.
J.C. e Robert estão, obviamente, de parabéns não só pela qualidade do resultado final mas, acima de tudo, pela coragem demonstrada.

Isto não quer dizer que seja um filme “fácil”.
Um homem, um barco e muito mar não será propriamente a trilogia mais apetecível mas parece inquestionável o virtuosismo desta obra.

Para ver e reflectir.

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