“The Hunt – A Caça (Jagten)” de Thomas Vinterberg
Quando estreou no nosso país (em Março de 2013), Jagten chamou-me a atenção. Confesso.
Vinha rotulado de obra muito interessante, com um Mads Mikkelsen (Casino Royale) de grande qualidade e alguns prémios/nomeações já em carteira – entre eles o Prémio de Melhor Ator em Cannes. Mas não o vi!
Estávamos no pós-temporada dos Oscars® e a ausência do filme na lista dos nomeados (pela Academia) ou dos indigitados (pelo seu país de origem, a Dinamarca) desse ano, acabou por, confesso, esmorecer a minha curiosidade.
Aparentemente o meu julgamento pecava apenas por… antecipação. O critério estava lá (a nomeação aos Oscars®), apenas estava temporalmente deslocado.
Sendo, agora, um dos nomeados ao Oscar® de Melhor Filme Estrangeiro (ou de Língua não-Inglesa, na versão oficial) o filme de Thomas Vinterberg passou a ser um dos fundamentais nesta (nova) temporada dos prémios. Até que alguém do UCI e/ou da Midas Filmes lembrou-se de trazer o filme de volta às salas de cinema nacionais. Desde já o nosso Obrigado!
Com todo o estilo de obra independente – de baixos recursos mas de muito talento – o filme tem a preciosa capacidade de construir uma tensão e uma emotividade extremas praticamente a partir do nada. O pior (ou melhor, neste caso) é que a transformação do perfil psicológico das personagens ao longo do filme é algo perfeitamente possível.
Um pequeno lapso, um mal-entendido, uma mentira pode mudar por completo a vida de uma pessoa (ou várias) e a sua relação com os mais próximos e a comunidade. Anos de convivência, amizade, família, hoje em dia tudo é posto em causa (e apagado!, em alguns casos) por um detalhe sem sentido. É realmente preocupante… e verídico.
Lucas (Mikkelsen) é um professor primário que trabalha atualmente no jardim-de-infância de uma pequena cidade, onde construiu a sua vida junto dos amigos de sempre. Após um divórcio complicado, os ventos parecem estar agora a soprar de feição, tanto a nível pessoal, como a nível profissional e familiar. Até que um acontecimento fortuito vai colocar TUDO em questão!
A exploração do ser humano (e da sua vertente mais sociológica e psicológica) é, sem dúvida, um campo onde o cinema europeu “dá cartas” e deixa a sua marca mais vigorosa no panorama cinematográfica mundial. E, desta vez, o resultado é realmente qualitativo.
Sem grandes espalhafatos nem “surpresas”, a ação desenrola-se a um ritmo eficaz e periclitante, deixando antever que a qualquer momento algo de desesperante pode acontecer. Não temos um segundo para respirar (fundo), nem para pestanejar, porque até ao último segundo TUDO pode acontecer, certo?
É um dos candidatos mais fortes para o Oscar®, especialmente depois de alguns dos “favoritos” se terem quedado sem nomeação.
Por mim, a estatueta pode ser entregue… que é merecida!