“300: O Início de um Império (300: Rise of an Empire)” de Noam Murro
Pela primeira vez em muitos meses (anos, provavelmente), os nossos comentários ficam “em dia”!
Seja pelas muitas viagens e tempo perdido, seja pelo abrandamento do número de filmes visualizados nas salas de cinema, a verdade é que não há stock (cinematográfico) por despachar.
Depois do imenso sucesso que se revelou a incursão de Zack Snider pelo universo espartano de Frank Miller, não terá sido necessário grande esforço (se calhar até foi, mas ok) para convencer o mais profícuo autor de novelas gráficas da atualidade a renovar os seus préstimos em mais uma viagem até a Grécia antiga.
Sequela, prequela, II Tomo ou filme autónomo, todas as possibilidades foram equacionadas até se chegar a 300: Rise of an Empire… que, na prática, é um pouco de cada.
Frank Miller volta à II invasão persa da Grécia antiga para nos mostrar outra vertente dessa longa guerra. O estilo gráfico (e cénico) é em tudo semelhante ao utilizado por Snider em 300, claro que com outros recursos financeiros e tecnológicos. O senão é que o efeito novidade está praticamente esgotado e quem viu o antecessor acabar por sentir saudades não necessariamente do filme mas inevitavelmente daquela sensação de estar a presenciar algo de realmente novo e diferente.
Desta vez o herói é Themistocles (Sullivan Stapleton), o mítico vencedor da batalha da Maratona, e que volta a fazer frente aos persas, desta vez no alto mar. Do outro lado do campo de batalha, encontramos Artemisia (Eva Green) e um bem mais presente rei Xerxes (Rodrigo Santoro), ambos com uma história e uma motivação que ajuda a enquadrar a sua “sede”.
Entre avanços e revés, gregos e persas esgrimem argumentos e estratégias de guerra… e o resto é História (como frequentemente gostamos de referir!).
Noam Murro – sob a supervisão de Zack Snider e Frank Miller – assume, agora, a cadeira de realizador, recuperando toda a mística visual do filme anterior, acrescentando aqui e ali uma ou outra novidade e morbidez. A violência continua em alta, o heroísmo, também, e a grande novidade reside, essencialmente, na valorização da presença feminina (duvido que historicamente assim o seja, mas fica bem no filme.
Stapleton encarna um herói mítico com bastante à vontade, no entanto, fica ainda longe de demonstrar o carisma de Gerard Butler. A comparação será inevitável, tal como a incontornável supremacia do ator escocês.
Já Eva Green demonstra uma presença estimulante trazendo algo de novo a um franchise (será cedo para o classificar assim?) que, ou muito me engano, ou não se ficará por aqui. História há, pelos menos para mais um filme, e a vontade dos envolvidos não difícil de alimentar ($$). Pelo menos Miller prometeu logo a seguir ao filme original nova novela gráfica sob o título Xerxes… e mais não será necessário dizer.
Em termos globais não é superior ao seu antecessor. Tem aspetos melhores e alguns piores mas não deixa de ser um filme cativante e violento, tal como qualquer incauto adolescente (norte-americano) apreciaria.
Vê-se bem… apenas.
Só para matar saudades!