“O Filme Lego (The Lego Movie)” de Phil Lord e Christopher Miller

Tentei. Tentei. Tentei. Não foi possível.

Não consigo falar da magnificência de The Lego Movie sem primeiro referir o meu profundo desalento por não ter assistido ao filme na sua versão original. Soubesse que não teríamos direito a pelo menos uma singela cópia no nosso país (em VO), e não teria desperdiçado a inesperada oportunidade que me surgiu.

The Lego Movie é uma riqueza. Uma explosão de alegria e prazer em forma de filme de animação. Um “produto” que estranhamente demorou até chegar à 7ª arte. Mas como estas coisas de Hollywood não há fome que não dê em fartura, a sequela está já em preparação! Naturalmente.

Podia discorrer vários parágrafos a elogiar as subtilezas do argumento, o oportunismo da revelação final, o magnetismo da larga maioria das “personagens” ou a qualidade de um humor-próprio certeiro e delicioso. Tudo isso é realmente fantástico… ainda assim prefiro falar do que vi.

Cada segundo de The Lego Movie é transcendente. Temos água em forma de legos, temos fogo em forma de legos, temos os mais diversos objetos do nosso quotidiano em forma de legos, temos mil e um adereços em forma de legos, temos cenários, edifícios, paisagens, surpresas em forma de legos, temos personagens em forma de legos…
Até aqui tudo expectável, o que não conseguiríamos prever era o ritmo a que tudo surge e se (des)constrói na grande tela. O nosso cérebro não consegue acompanhar/processar toda a magia que os nossos olhos presenciam. Restam 3 palavras: EVERYTHING IS AWESOME!

A música que pontua a banda-sonora do filme é, de facto, a seu melhor síntese. E pensar no potencial que o franchise tem, até me dá arrepios. Poder juntar numa mesma obra, mundos tão ricos e adorados por todos nós é realmente uma benesse à qual temos de estar gratos.
No fundo, no fundo, não são eles que nos têm de agradecer por irmos ver o filme, somos nós que temos de ficar gratos por nos terem dado o prazer de o ver!

A Academia não é grande fã destes lançamentos (demasiado) antecipados mas não consigo vislumbrar, por muito talento que a Disney, a Pixar ou a Dreamworks tenham demonstrado nos últimos anos, como este ano outro filme de animação possa superar The Lego Movie.
É muito, mesmo muito, bom!

O cinema de animação tornou-se, todos sabemos, no género cinematográfico mais abrangente na última década, ultrapassando, em muito, o dito cinema “para toda a família”, no qual os estúdios Disney eram exímios. E percebe-se facilmente porquê.
Quem nunca sonhou ver as suas construções ganhar vida, emoção e atitude? Quem nunca sonhou ver o Batman, o Super-Man, Vitruvius, Benny (o Astronauta dos anos 80), os All-Star da NBA de 2002, Lincoln, Wonder Woman, Green Lantern, Gandalf, Emmet e Wyldstyle juntos num só filme? Quem nunca sonhou poder partilhar, com toda a família, 1h30 de puro prazer e divertimento, ao mesmo tempo que revivemos, nostalgicamente, algumas das mais belas lembranças da nossa infância?

The Lego Movie é tudo isso, e MUITO mais!
Um Clássico.