“Godzilla” de Gareth Edwards
O preconceito é algo realmente perigoso. A ideia de (mais) um reboot do monstruoso Godzilla parecia, há alguns meses atrás, o prenúncio irremediável de um grande flop (artístico e de bilheteira). A versão de Roland Emmerich (1998) não deixou grandes saudades e o “monstro” parecia, de facto, enterrado.
Porém, começaram a surgir as primeiras imagens… e os trailers. Tantas vezes criticamos essa ferramenta cinematográfica – pela forma abusiva como expõe o que iremos ver – mas desta vez a ela devemos MUITO do frisson criado nas últimas semanas. Não fosse assim, muito provavelmente não estaria a escrever este comentário.
E não engana. Aquele crescendo de tensão, emotividade e, naturalmente, monstruosidade que vemos nos trailers e demais comunicação reflete, com precisão, o que assistimos ao longo de 2h eletrizantes. E não podia ser de outra maneira.
Monsters faz parte do reduzido leque de filmes que guardo na “prateleira” com a etiqueta to see! A obra de estreia de Gareth Edwards é uma daquelas relíquias do cinema indie que se destacava, precisamente, pelo clima explosivo que criava. Pouco que se vê, menos se sabe mas a tensão é latente (pelo menos a avaliar pelos múltiplos comentários que fui seguindo). E é graças a ele que, 4 anos mais tarde, encontramos o realizador britânico por detrás das câmaras deste Godzilla.
Godzilla não é o vulgar blockbuster de Verão. Sim, os efeitos especiais estão lá. Sim, o par romântico existe. Sim, a catástrofe é eminente (em cada frame). Sim, os bons e os maus colidem… mas começa aqui a diferença!
Filme-catástrofe por excelência, o Godzilla de Gareth Edwards é bem mais uma obra introspetiva. familiar e subtil. Há destruição por todo o lado, é um facto, mas esse é só um pequeno detalhe por entre uma amálgama de outros condimentos que ajudam a compor um filme fascinante.
Marcado por uma tragédia 15 anos atrás, Joe Brody (Bryan Cranston) vive obcecado em descobrir o que realmente aconteceu naquela fatídica manhã na central nuclear japonesa que tinha sob sua alçada. Passados tantos anos muitas perguntas continuam por responder e mesmo que isso lhe tenha custado a relação com o seu filho (Aaron Taylor-Johnson), o cientista continua imperturbável na sua procura.
Ford Brody conseguiu seguir o seu rumo. Casou, tem um filho, é militar. Continua sem perceber a insistência do seu pai em remexer no passado. Até que algo “monstruoso” acontece.
Vago o suficiente para vos manter à toa? Espero bem que sim. Mas não se deixem levar por pré-conceitos. Este Godzilla merece ser visto no cinema.
Tem um quê de Steven Spielberg dos primórdios dos blockbusters. Muita suposição, muito segredo, algum “terror” intelectual, um ritmo frenético e uma tocante história familiar – com a(s) relação(ões) pai-filho em pleno destaque.
Acima de tudo, o filme tem a virtude de oferecer-nos um impecável conjunto de cenas de ação com um nível de emotividade, intriga, suspense e espetacularidade bem acima da média. A história evolui, a destruição persegue os nossos protagonistas, o Godzilla assume um papel distinto e aquele salto HALO ficará para a História do Cinema!
Só faltou mesmo o IMAX.
Já o 3D? Devo ter-me esquecido de colocar os óculos…
Quando estava a terminar o comentário, surgiu online a notícia que face ao sucesso planetário do filme, a sequela estará já a ser preparada.
Não sei até que ponto será uma boa notícia… mas é, sem duvida, um sinal inequívoco da qualidade do trabalho desenvolvido por Edwards! Disso não tenho dúvidas.