“Draft Day – Dia D” de Ivan Reitman
Podemos tentar “dourar a pílula” de todas as maneira mas, no final, seremos obrigados a reconhecer que Draft Day dirá muito mais aos fãs e conhecedores do desporto norte americano em geral – e da NFL em particular.
Há toda uma dinâmica, uma antecipação, um imenso crescendo de tensão que apenas será absorvido na sua plenitude por aqueles familiarizados com os termos, hábitos e “segredos” da estrutura do desporto profissional nos EUA.
O Draft Day, processo similar seguido tanto na NFL, como na NBA, NHL ou MLB, tem por objectivo fundamental o equilíbrio entre todas as equipas, garantindo a alternância do sucesso e a atratividade da Liga a médio e longo prazo.
Ivan Reitman, experiente realizador e produtor, constrói uma narrativa apelativa e honesta, tendo por pano de fundo o alvoroço mediático e profundamente humano de mais uma noite de seleção dos novatos da Liga Norte Americana de Futebol Americano. Sente-se em todos os momentos o seu esforço em fugir ao estigma de filme-desporto mas a sua maior força acaba por residir, precisamente, na forma certeira como ficciona os bastidores deste dia eletrizante.
Sonny Weaver Jr. (Kevin Costner), General Manager dos Cleveland Browns, prepara-se meticulosamente para uma noite longa, decisões fundamentais preparam-se para serem tomadas, porém o seu dia não podia ter começada de forma mais extenuante… e será apenas o inicio.
A sua namorada (Jennifer Garner), o treinador na equipa (Denis Leary), o Presidente (Frank Langella), os jogadores e até a sua mãe (Ellen Burstyn) ninguém vai faltar à chamada, naquele que promete vir a ser um dia memorável.
Ainda que longe de ser deslumbrante, Draft Day tem o dom de captar com mestria os bastidores de um dia que ano após ano ocupa o seu espaço na memória dos todos os adeptos do desporto (norte-americano).
Paralelamente a este frenesim, vamos assistindo ao lado mais humano das situações. Relações pessoais e familiares, sonhos e desejos de todos os envolvidos, choque de personalidades e a influência que estes momentos de tensão e antecipação têm em seres humanos, mais ou menos preparados para lidar com toda esta pressão.
Naturalmente que se trata de uma obra de ficção, no entanto, tudo leva a crer que as situações reais não estarão assim tão longe do que é retratado. Equipas, treinadores, jogadores, agentes e o mais comum dos adeptos não podem deixar de se identificar (mais ou menos) com o enredo… pelo menos é essa a minha convicção.
Como adepto apreciei bastante.
Já do ponto de vista cinematográfico fica apenas um filme simpático.