“Lucy” de Luc Besson
O realizador, argumentista e produtor francês está por todo o lado. Assumindo as mais diversas funções, não param de estrear entre nós filmes com o seu nome associado. Taken, Malavita, 3 Days to Kill, From Paris With Love, Transporter, serão os exemplos mais recentes enquanto Léon permanece como a sua obra máxima… mesmo 20 anos passados.
É neste contexto que surge Lucy e o problema é que apesar de ser promovido como tal, o filme protagonizado por Scarlett Johansson está longe de ser um thriller de ação, como Besson nos habituou.
O primeiro acto, mesmo não sendo brilhante, cumpre plenamente os requisitos mínimos. Mesmo negligenciando a construção de personagens e deixando em claro algumas lacunas demasiado evidentes, o enredo deixa-nos bastante curiosos e esperançosos quanto ao desenlace. Porém, se durante a meia hora seguinte até nos vamos entretendo, o remate final está longe de ser minimamente cativante. E nem vou chegar à parte cósmica “à la Malick“.
Se o trailer cria uma inegável expetativa quanto ao filme (que vamos assistir), o próprio desenrolar do mesmo acaba por reforçar essa ideia, até que num desvio de 90º (ou por cento) somos levados à força para território inóspito onde Besson não se sente minimamente à-vontade.
Por muito que compreenda a lógica do realizador e argumentista, podendo até louvar alguns dos aspetos aprofundados, não era aquele o rumo “prometido”. Se era para surpreender teria de ser de forma brilhante… e não de forma tão atabalhoada!
Quando a droga inovadora que transporta na barriga se começa a espalhar pelo seu corpo, Lucy (Johansson) inicia um doloroso processo de auto-consciencialização, ou seja, vê o seu cérebro aumentar exponencialmente a sua capacidade… para o bem e para o mal.
Perseguida pelos mesmos que a obrigaram a ser mula de droga, a jovem procura a todo o custo perceber o que lhe está a acontecer. Essa necessidade levará-la até até ao Professor Norman (Morgan Freeman), um especialista no estudo do cérebro humano, com quem poderá partilhar conhecimento e incertezas. Até que algum indescritível (e penoso) acontece.
Não fui tudo mau, é verdade, mas as últimas sensações são as que retemos melhor (ou por mais tempo) e aquele quarto de hora final é demasiado indigesto de engolir.
Confesso que fui o primeiro a sair da sala. O desalento era demasiado forte para aguentar os créditos finais.
Senti-me traído.
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