“Blackhat – Ameaça na Rede” de Michael Mann
Michael Mann é um dos realizadores mais admirados e respeitados no que ao cinema de ação (mas não só!) diz respeito. Obras como Heat, Public Enemies, Collateral ou Miami Vice fazem parte do histórico de qualquer fã do género, destacando-se sobretudo pela acutilância e intensidade que o realizador norte-americano transmite em cada frame. E são já mais de 20 anos a fazer cinema de (extrema) qualidade. Ou seja a fasquia não está alta, está altíssima!
Blackhat surge um pouco do nada. Sem grande informação ou promoção, apenas algumas semanas antes da sua estreia, surgiram as primeiras imagens, o elenco (com nomes como Chris Hemsworth, Viola Davis, Leehom Wang e a chinesa Wei Tang) e um trailer que deixava antever uma conspiração à escala global e o (ainda) mítico sub(mundo) dos hackers e terroristas de colarinho branco. De repente, prometia muito.
Infelizmente, e não há outra forma de o dizer, “a montanha pariu um rato”! Um dos seguidores do nossa página destacava há dias que seria o pior filme de Mann. Não gostamos de ser tão definitivos mas olhando para o CV do realizador do Illinois não encontramos grandes argumentos para poder discordar dele.
Após um ataque informático a uma central nuclear na China, os serviços secretos locais unem esforços com os seus semelhantes norte-americanos de forma a descobrir quem está por detrás desse ato e quais as suas reais intenções.
Como o tempo é escasso, eles terão de recorrer a métodos pouco convencionais, entre eles Nick Hathaway (Hemsworth) um hacker a cumprir pena de prisão mas que parece estar bem mais por dentro do sucedido.
O filme promete, nos primeiros trinta minutos. Depois disso foge bastante do que estaríamos à espera (a avaliar pelo trailer) para nunca mais se voltar a encontrar, culminando de forma sofrível. O mais preocupante é que nem em termos visuais e/ou sonoros o filme faz jus ao talento demonstrado pelos demais intervenientes noutras situações.
Mann parece estranhamente perdido entre fazer um filme poderoso e um trabalho mais cirúrgico. Já Hemsworth parece ter o carisma para convencer, tanto no papel de prisioneiro como de caçador, mas acaba preso a uma personagem oca e demasiado previsível.
Enquanto Morgan Davis Foehl desfaz a trama sem qualquer inspiração ou transpiração.
Mais do que um tiro no escuro, pareceu um tiro em branco.
Sem alma, sem convicção, sem o aspeto eletrizante que Mann tão bem mal nos habituou.
Decepcionou. Não há como não o dizer.