“Olhos Grandes (Big Eyes)” de Tim Burton
O filme já estreou tarde, nós deixamos passar algum tempo para o ver e o comentário ainda atrasou mais. A sua pertinência é agora escassa… não estivéssemos perante um filme de Tim Burton!
A primeira grande surpresa é o tom bem normal para um filme de Tim Burton. Sem grandes desvarios, cenários grotescos ou personagens tresloucadas, à vista desarmada este Big Eyes aparente ser uma obra atípica.
Já os contornos da história verídica(!) são bem à medida da obra do realizador californiano.
Margaret Keane (Amy Adams) e Walter Keane (Christopher Waltz) formam um casal de artistas, ambos pintores, que em meados dos anos 50 despontarem nos EUA, mais propriamente na Califórnia, graças a um estilo muito próprio – marcado pelos Olhos Grandes das figuras retratadas – e uma aguerrida estratégia de marketing e auto-promoção.
O casal conquistou alguma fama e proveito até à sua separação abrupta no final da década. A que se seguiu uma intensa luta nos tribunais sobre a autoria dos afamados quadros. É que, aparentemente, Walter era bem mais possessivo (em todos os sentidos) do que pareceria à primeira vista…
A realização de Tim Burton acaba por ser, naturalmente, bem discreta. Sem grande espaço para os habituais “excessos”, o realizador entrega o filme à sua dupla de protagonistas. Amy continua a sua (a todos os níveis) memorável carreira, ainda mais valorizada pelo Golden Globe – Melhor Atiz Comédia – ganho pelo seu desempenho como Mrs. Keane. Já Waltz é magnífico e ao mesmo tempo aterrador, cómico, surpreendente e habilidoso como Mr. Keane.
Os dois atores, num complexo vai e vem de protagonismo e emoções, conduzem-nos por entre esta inacreditável história que a não ser verdadeira, nunca seria “aceite” como argumento de cinema. Passamos a maior parte do tempo boquiabertos e incrédulos com a História que se revela diante dos nossos olhos!
Um filme que merece ser visto, mesmo ficando aquém de outras obras do realizador.
É que só mesmo vendo para crer!