“Samba” de Olivier Nakache e Eric Toledano
Depois do mega sucesso que se tornou Intouchables – e da meteórica ascensão de Omar Sy, no universo da 7ª arte – parecia uma inevitabilidade o reencontro do ator francês com a dupla de realizadores, Olivier Nakache, Eric Toledano, que lhe proporcionou tamanho protagonismo.
Essa nova colaboração assume a forma de Samba – não confundir com a “dança brasileira” -, um filme que, de certa forma, é bem mais real, sério e contundente do que Intouchables… mesmo não sendo baseado (especificamente) em nenhuma história verídica.
Samba é, de facto, o retrato de um imigrante em França, à imagem de muitos milhares de outros africanos que habitam, sobrevivem e se escondem num país (e num continente) que tarda em encontrar uma solução coerente para a sua situação. Se por um lado, são marginalizados, excluídos e, em alguns casos, perseguidos pelas autoridades locais, por outro, representam uma importante mão-de-obra indiferenciada.
Omar Sy protagoniza, dando corpo à personagem que dá título ao filme. A seu lado encontramos Charlotte Gainsbourg, retratando, também ela, uma situação cada vez mais recorrente na sociedade industrializa, com especial incidência precisamente, na França, a de uma importante executiva a braços com uma forte depressão.
Oriundos de mundos totalmente distintos, impreparados para se encontrarem mas atraídos por essa curiosidade pelo desconhecido, Samba e Alice acabam por se encontrar a “meio caminho” mas sem terem qualquer noção do que o futuro lhes reserva.
Recheado de momentos divertidos e de outros bem mais sérios e, acima de tudo, reais, Samba ajuda-nos a conhecer um pouco melhor esse intrincado mundo da imigração ilegal, dos organismos governamentais e não governamentais que os auxiliam e das organizações que tiram partido da sua presença (ilegal).
O debate é complexo. Atualmente, em França, ressurge com grande vigor uma forte contestação à ausência de uma política séria e limitativa que se prontifique a minorar o impacto (negativo) da imigração. Infelizmente, assumindo maioritariamente uma visão de certa forma parcial e tendenciosa.
Talvez Samba, mesmo longe de ser esse o seu objetivo primordial – será bem mais o de nos entreter –, possa fazer valer uma imagem bem mais ampla, justa e objetiva de uma situação comum à larga maioria dos países mais desenvolvidos da Europa e do Mundo.
Para lá da mensagem política/social, um filme competente que entretém, diverte e educa.
… mas, naturalmente, longe do fenomenal Intouchables.
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