“San Andreas” de Brad Peyton
O filme acaba por não resultar como esperado.
Pode parecer estranho mas ao contrário do que seria expetável (pelo menos a avaliar pela promoção em seu redor) San Andreas não é tanto um filme catástrofe mas mais um drama individualizado (ou familiar) que tem como pano de fundo um terramoto devastador.
Ao invés de se dispersar pelas mil e umas considerações e consequências que um sismo de tamanha magnitude teria na costa Oeste norte-americana (e não só, como o próprio filme alerta!), Brad Peyton acaba por se concentrar, quase em exclusivo, no seu impacto numa família disfuncional.
Regra de ouro no cinema de Verão nos EUA (muito por culpa da influência de Steven Spielberg), pais divorciados e filhos desavindos dão o mote para esta família de sobreviventes. E mais do que nunca este espírito será posto à prova.
Nada contra. Aliás funciona até muito bem a dinâmica familiar entre Dwayne Johnson, Carla Gugino e a jovem Alexandra Daddario mas, em última análise, não foi para isso que pagámos bilhete.
O início é promissor, tanto do nível científico/explicativo como de espetáculo/destruição. As personagens conseguem manter a necessária estrutura e densidade para serem autenticas e próximas e as imagens de destruição são realmente arrepiantes. No entanto, o enredo cedo concentra-se em absoluto em Ray, Emma e Blake, com especial destaque (pela negativa) para as opções nada autruístas de Ray (Johnson), algo estranho se tivermos em consideração a sua profissão e historial.
Perante o mais destrutivo e previsível(!) sismo da história da Califórnia, Ray Gaines tudo fará para manter a sua família unida. Mas sobreviver a tamanha catástrofe obrigará a uma grande dose de sacrifício, perseverança e loucura.
Brad Peyton que já tinha trabalhado com The Rock em Journey 2 (e muito presumivelmente voltará a fazê-lo em Journey 3), sabe muito bem tirar partido das mais-valias do wrestler tornado estrela de cinema, garantindo-lhe “um lugar ao sol”, desta vez aos comandos de um versátil helicóptero de salvamento.
A ciência é verosímil (apesar da dimensão dantesca da catástrofe), as personagens não deixam de criar a necessária empatia (apesar de Ioan Gruffudd andar por lá meio perdido) e os efeitos especiais causam os (im)previstos arrepios. Pena que o enredo não se tenha limitado à catástrofe… já teria “pano para mangas”!
-
Pingback: “Rampage – Fora de Controlo” de Brad Peyton – Doces ou Salgadas?