“A Ponte dos Espiões (Bridge of Spies)” de Steven Spielberg
Pois, Steven Spielberg só sabe fazer filmes de grande qualidade!
Por momentos, ainda rebusquei na memória algum exemplo que pudesse contrariar essa ideia mas… foi em vão.
4ª colaboração do realizador norte-americano com Tom Hanks (depois de Catch Me If You Can, The Terminal e Saving Private Ryan), Bridge of Spies transporta-nos para o periclitante período do pós-guerra, mais precisamente para os primórdios da Guerra Fria e da impensável separação do mundo (entre capitalistas e comunistas).
Começamos em Nova Iorque, onde um fraterno espião russo é encarcerado pelo FBI. Viajamos para Berlim a tempo de assistir à construção do muro. Rumamos a Moscovo onde um piloto norte-americano é condenado por espionagem. Regressamos aos EUA a tempo de acompanhar o início da paranóia. Terminamos em Berlim para uma perigosa negociação.
Durante cerca de 4 décadas o epicentro do Mundo era tripartido entre Washington, Moscovo e Berlim. Duas visões, duas mentalidades, a mesma convicção. Algures entre posições tão extremadas alguns Homens deixaram a sua marca. Um deles foi James B. Donovan.
Nos finais dos anos 50, James Donavan (Hanks) não era propriamente um anónimo advogado. Depois de ter participado anos antes dos julgamento de Nuremberga, chega-lhe às mãos um dos mais efervescentes processos da altura, a defesa do espião soviético, Rudolf Abel (Mark Rylance). Numa era de excessos, justiça popular e medos (infundados), Donavan conseguiu manter a imparcialidade, a ética profissional e humana. E quando, anos depois, a oportunidade e o dever surgiram, não virou a cara a uma viagem secreta a Berlim… Oriental.
Grande desempenho de Tom Hanks, num retrato difícil de um homem acima da média. Magnífico Mark Rylance– confesso que não conhecia o senhor de lado nenhum mas pela primeira imagem – talvez merece um Oscar®, como Ator Secundário!!
De Spielberg não haverá muito a acrescentar. Brilhante trabalho de direção de atores, de seleção de imagens, de contador de uma história simples(?) mas realmente memorável.
Para além da história, dos desempenhos e de toda uma áurea de qualidade, fica igualmente na memória um par de imagens (planos) realmente poderosos e refinados, fruto do imenso talento do habitual colaborador de Spielberg e duplo vencedor de um Oscar®, Janusz Kaminski.
Não será um filme superlativo mas não deixa de ser uma obra importante, primorosa e competentíssima que deve ser vista no cinema perto de ti.