“Os Oito Odiados (The Hateful Eight)” de Quentin Tarantino
Três justíssimas nomeações aos Oscars®.
Para além de estar totalmente irreconhecível no papel de Daisy Domergue, Jennifer Jason Leigh agarra a personagem de forma soberba, brilhando de sobremaneira neste cenário maioritariamente masculino. Grandíssimo nível e uma das mais fortes candidatas à estatueta dourada.
A fotografia de Robert Richardson é igualmente categórica. Destacam-se, naturalmente, as imagens e planos exteriores, de um Wyoming branco, montanhoso e gelado mas é impossível descurar o charme e riqueza da cabana de madeira, no meio de um tenebroso nevão!
Finalmente o eterno Ennio Morricone que aos 87 (!!) anos procura o seu 1º Oscar® (não honorário), 37 anos depois da sua primeira nomeação. Tudo indica que será desta, graças a uma sonoridade omnipresente e hiptonizante.
Curiosamente, o elo menos forte acaba por ser o próprio Tarantino. A realização e o argumento deixam algo a desejar, recauchutando fórmulas e conteúdos habituais no cineasta norte-americano mas bem menos inventivos e memoráveis do que os utilizados em Django Unchained ou Inglourious Basterds (já para não falar em Pulp Fiction ou díptico Kill Bill).
Maior destaque, pela negativa, para a primeira hora do filme (das 3h00 de duração) onde pouco ou nada acontece para além de muita neve, belas paisagens e… cavalos a correr. Fica bonito, é verdade, mas para um filme com mais de 180 minutos, não seria má ideia cortar uns bons 20m… redundantes.
Perante o eminente agravar da tempestade de neve que a persegue, uma diligência é obrigada a procurar abrigo uma cabana no meio da montanha. A bordo segue um caçador de recompensas (Kurt Russell) e a sua prisioneira (Leigh), para além de 2 insuspeitos(??) passageiros. Lá dentro um grupo heterogéneo de personagens aquece-se à lareira. Há uma inegável tensão no ar e parece evidente que algo (violento!) está prestes a acontecer.
É um filme Tarantino, pois claro. Pessoalmente preferiria uma abordagem ainda mais arrisca e original, trazendo algo de novo e refrescante. Fica a clara ideia que já vimos aquilo anteriormente… e com maior qualidade.
É um bom filme.