“Má Vizinhança 2 (Neighbors 2: Sorority Rising)” de Nicholas Stoller
As coincidências existem por todo o lado, dúvidas houvesse. Neighbors e, por incrível que pareça, este Neighbors 2 são um crasso exemplo disso. No que à parentalidade diz respeito, subentenda-se.
Porém, se no primeiro caso, o filme enfatizava e aproximava o espetador essencialmente pelo retrato de uns pais a braços com as indescritíveis inseguranças da primeira “cria”, neste segundo tomo, o enfoque é totalmente desviado para os/as universitários(as). As personagens mantém-se, as suas motivações também, mas o resultado é deveras dececionante.
Nada contra a versão feminista dos alunos(as) universitários(as), nem, tão pouco, contra as repúblicas mas, a meu ver, o filme desviou-se em demasia da sua formula de sucesso… para se concentrar no complementar.
Consta que Seth, Zac, Rose e Nicholas demonstraram grande renitência em regressar à Vizinhança sem um argumento à altura. Fica a ideia de que o resultado ficou longe do esperado… mesmo por eles.
O filme tem os seus momentos da mais pura diversão, no entanto, na maior parte do tempo perde-se por entre um humor demasiado desbragado, por entre demasiados “buracos” no enredo e por entre demasiadas americanices no comportamento (especialmente) dos mais jovens.
O contraste entre os jovens e as jovens norte-americanas, até tem o seu quê de peculiar mas ao esquecer por completo a história do simpático casal que mora na casa ao lado, ficamos sem a metade mais suculenta do primeiro filme.
Mac (Rogen) e Kelly (Byrne) estão prestes a vender a sua casa, depois de terem comprado um novo lar numa zona bem mais pacata dos subúrbios. No entanto, nas vésperas de consumarem a transação, uma nova república de raparigas, liderada por Shelby (Chloë Grace Moretz), instala-se na casa ao lado.
Com o intuito de garantir que a venda é consumada;Mac e Kelly não olharão a meios para desalojar as jovens, mesmo que isso signifique requisitar a ajuda de Teddy Sanders (Zac Efron). E a batalha (re)começa!
Mac, Kelly e, até, Teddy continuam a ser personagens afáveis e interessantes. Shelby, não lhes fica atrás, num misto de anjo e demónio, naturais da juventude (dos nossos dias). O problema é que o filme, especialmente o enredo, não funciona. A interação casal-república tem os seus momentos mas aquilo que fazia de Neighbors uma comédia diferente era o processo do jovem casal em assumir o seu novo papel (como pais) na sociedade, quando confrontados com as tentações da juventude.
Sem desejo, sem culpa e sem responsabilidades (para lá das financeiras) o filme pouco ou nada de novo tem a acrescentar às dezenas de filmes do género que temos visto e revisto nas últimas décadas.
Estávamos à espera de “descobrir” um pouco mais sobre as particularidades da segunda gestação.
Mas parece que, desta vez, ficámos entregues a nós próprios.
"Má Vizinhança 2": 4*
Eu gostei bastante, estão ambos (o primeiro e este) muito bons. Há rumores que pode haver um terceiro, mas acho que ficaria bem por aqui.
"Má Vizinhança 2" é um filme bastante divertido com variadas peripécias, momentos hilariantes e grandes surpresas e por isto tudo recomendo que o vejam.
"Neighbors 2: Sorority Rising" tem um argumento bem conseguido e coeso, apesar de haver algumas pontas soltas e alguns clichés.
Cumprimentos, Frederico Daniel.