“Esquadrão Suicida (Suicide Squad)” de David Ayer
A velha máxima de que “os filmes de super-heróis são tão bons quanto os seus vilões” assume neste Suicide Squad uma peculiaridade rara e decisiva. Senão vejamos.
Os maus que fazem de bons (ou pelo menos de menos maus) são fantásticos, com especial destaque para Will Smith/Deadshoot e Margot Robbie/Harley Quinn. Já os maus que fazem de muito maus, são demasiado apáticos e desinteressantes.
Se por um lado o Joker, e apesar do promissor desempenho de Jared Leto, acaba totalmente arredado da ação e da intriga principal, por outro, o típico “vilão maior do que o Mundo” (propositadamente anónimo neste comentário) é, tal como o tinha demonstrado este ano X-Men, por exemplo, uma fórmula gasta, aborrecida e cinematograficamente difícil de “vender”.
Com isto, o início do filme é muito bom, o meio bastante competente e o final de certa forma irrelevante. É pena que assim seja, porque a imagem final (que normalmente é a que perdura) não faz justiça, de maneira alguma, ao filme como um todo. E depois há ainda aquela cena depois dos créditos que… surpresa!!
Num universo pós Batman v Superman, Amanda Waller (Viola Davis) está empenhada em juntar o mais improvável dos grupos de super-vilões para, sob as suas ordens, responder perante ameaças extra-ordinárias. Coagidos, enganados e entregues a si mesmo, DeadShoot (Smith), Harley Quinn (Robbie), Diablo (Jay Hernandez), Boomerang (Jai Courtney) e Killer Croc (Adewale Akinnuoye-Agbaje) serão liderados no terreno pelo militar Rick Flag (Joel Kinnaman), numa luta desigual contra um adversário “de outro mundo”.
David Ayer, argumentista de Training Day e realizador de filmes como Fury ou End of Watch, sabe, como ninguém, criar o cenário para um bom filme de ação com muitos tiros, explosões e suspense.
O problema, como já vimos, está no outro lado da barricada.
Will Smith e Margot Robbie (que contracenaram juntos em Focus, se bem se lembram) lideram em termos de tempo de antena, talento e qualidade das personagens o lado dos “bons”. Ele seguro, emotivo e certeiro, ela simplesmente louca. Convencem, assustam, fazem rir e chorar. Mas quando o vilão (do filme) é um ser espiritual, poderoso, naturalmente inconsequente e apocalíptico, pouco há a fazer.
Pior só mesmo o desperdício de Jared Leto no papel de Joker. Acredito que haja uma complexo geracional que me obriga a mencionar que, ainda assim, está bem longe da mestria de Heath Ledger em The Dark Knight mas, de qualquer forma, é realmente estranho que uma personagem tão magnânima e tão presente na construção do filme se resuma a 2 ou 3 momentos sensaborões na “parte que interessa”. Lá caberá a Ben Affleck tirar proveito do trabalho realizado quando recuperar o homem morcego para os filmes a solo…
É um filme desequilibrado. Grandes momentos, especialmente na parte inicial, são descompensados por um desenlace pobre e monótono.
A montanha não terá, necessariamente, parido um rato mas todo o hype em redor do filme não se confirmou, mesmo que as personagens principais tenham uma qualidade e um potencial (em futuros filmes) bem para lá da média.
O Universo Cinematográfico da DC Comics/Warner Bros começa a compor-se… com maiores ou menores percalços.