“Ben-Hur” de Timur Bekmambetov
Pese embora a (pesada) herança que trazia consigo – ou em função dela – as expetativas em redor desta nova versão do lendário filme, vencedor de 11 Oscars® da Academia, não eram as melhores.
Nada contra um bom remake mas os envolvidos e as primeiras imagens não inspiravam assim tanta confiança. Dito isto, e mesmo percebendo o aparente contra-senso, a condição para ver Ben-Hur, versão 2016, passava obrigatoriamente pela (nova) sala 4DX.
Objetivo? Maximizar o ponto forte do filme!
Pareceu-nos evidente que o filme teria duas cenas decisivas, as galés e as quadrigas… pelo que seria natural apostar numa sala de cinema que lhes conferisse uma emoção extra.
Nada mais correto. Pese embora aqui e ali se perceba um certo conservadorismo na utilização de todos os elementos que a sala pode oferecer (essencialmente a nível aquático e olfático), o efeito montanha-russa acaba por compensar plenamente o preço premium da sala… mesmo que a dada altura pareça demasiado estranho a conciliação de um filme meramente de entretenimento, com uma forte conotação religiosa.
Judah Ben-Hur (Jack Huston) e Messala Severus (Toby Kebbell) percorrem as ruas de Jerusalém de forma audaciosa e inquietante. Os dois meio-irmãos ocupam uma posição de relevo na hierarquia local, apesar da suas origens distintas. Judah é um príncipe judaico, terno nas palavras e no comportamento, enquanto Messala tem sangue quente nas veias, oriundo dos seus antepassados romanos.
A proliferação do Império Romano acabará por melindrar essa forte relação afetiva, ao ponto de colocar frente a frente os 2 irmãos numa corrida eletrizante com consequências totalmente imprevisíveis.
Vingança, redenção e fraternidade serão postos à prova ao bom estilo Romano.
Nada contra o desempenho dos dois protagonistas. Nada especialmente a favor, igualmente.
Quanto ao cazaque Timur Bekmambetov, dois momentos totalmente distintos. Em termos técnicos o realizador de Wanted volta a confirmar grande mestria, montando algumas das cenas mais aguardadas do ano. Infelizmente, entre eles o filme chega a ser pachorrento e sem grande chama.
Morno, a tender para o frio, esta revisitação do eterno Ben-Hur prepara-se para ser um dos grandes flops deste Verão (na relação investimento/retorno).
Não sei se seria caso para tanto mas não deixou de ser bastante ingénuo um “confronto” deste calibre sem as mesmas armas, i.e. um elenco de nomes inquestionáveis e fortemente mediáticos e uma história mais fresca e renovada.
Algumas lacunas evidentes mas ainda assim um entretenimento razoável, especialmente se devidamente apreciado no local certo… especialmente para quem sempre “sonhou” em andar de cavalo.