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“Bem-Vindos… Mas Não Muito (Le Grand Partage)” de Alexandra Leclère

Ficará para sempre na nossa memória como a primeira sessão de imprensa… caseira! E pouco mais.

A evolução – tecnológica e de costumes – tem destas coisas e a velha máxima “se Maomé não vai à montanha, a montanha vem até Maomé” nunca fez tão sentido, como neste caso. Ver um filme que está prestes a estrear nas nossas salas de cinema no conforto do lar é um conceito amplamente rejeitado por nós mas, como em todas as regras, há excepções.

A convite da distribuidora, podemos ver o filme na nossa TV, em condições de qualidade, segurança e legitimidade irrepreensíveis. O senão é mesmo a qualidade do mesmo, especialmente em função das expetativas criadas.

Anunciado como (mais) uma comédia francesa, ainda que desde cedo se percebesse que a componente social e cultural do povo francês seria alvo de especial atenção, La Grande Partage tem muito pouco de comédia e muito demasiado de sátira social. Crónica de costumes, o filme de Alexandra Leclère falha em grande medida pela incapacidade em concretizar um enredo bastante promissor. Já para não falar da dificuldade em ser engraçado, para lá dos primeiros 15 minutos.

O ponto de partida é deverás promissor. Perante um dos mais severos Invernos de sempre, o governo francês vê-se obrigado a passar uma lei extraordinária que obrigava os mais avantajados (financeiramente) a albergar os mais desfavorecidos. Na prática, era atribuído um número determinado de sem-abrigo a quem tivesse quartos vagos em sua casa.

O choque cultural é o esperado. Há os que aceitam a situação e o seu papel na sociedade, os que tenta por todos os meios toldar a realidade e os que alteram as suas aparentes convicções quando a situação deixa de ser teórica.
Mas, e aqui começam as nossas retinências para com o filme, há também o outro lado da moeda. Nem todos os abrangidos por esta medida extraordinária são propriamente santos – até aqui tudo bem! – nem, tão pouco, agradecidos por ela… e a partir daqui deixamos de estar perante uma sátira (política e social) para passarmos ao debate ideológico.

Logicamente que a 7ª arte não se deve dispensar do confronto sócio-cultural, nem tem qualquer obrigação em manter-se imparcial perante este. Por ventura, corre é o risco de deixar de ter piada…

Karin Viard (La Famille Bélier), Valérie Bonneton (Eyjafjallajökull) e Didier Bourdon são algumas das caras conhecidas que ajudam a manter a esperança durante grande parte do filme. Desempenhos de qualidade mas que não conseguem disfarçar o terreno movediço em que o filme se coloca, especialmente trágico no epílogo final.

Valeu pela experiência…

Trailer

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