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“Aliados (Allied)” de Robert Zemeckis


Há algo de Casablanquesco no ar…

Desde as primeiras imagens do filme, tudo apontava para a inevitável comparação. Curiosamente nunca vi o filme de Michael Curtiz do início ao fim, mas quem já não viu e/ou ouviu “He’s looking at you, kid” ou “Play It again, Sam!”, em tons monocromático e voz rouca?

Porém, rapidamente se percebeu que a obra de Robert Zemeckis não se ficaria meramente pela efervescente cidade marroquina, cenário de referência de tantos golpes de teatro, espionagem e traição durante a II Grande Guerra. Rendida a devida homenagem, viajaríamos no tempo e no espaço para o cada vez mais frequente, “será que viveram felizes para sempre?”.
Neste caso, o “para sempre” levar-nos-á até Londres, em pleno blitz da Luftwaffe

Com as inevitáveis diferentes, de estilo, enquadramento e género, há um louvável equilíbrio entre os dois momentos, fruto de um competentíssimo argumento de Steven Knight e de um astuto trabalho de um realizador que não costuma errar! The WalkFlight, Cast Away, Forrest Gump.

Como cabeça de cartaz dois atores de créditos firmados e vasta falange de apreciadores. Brad Pitt, um dos ícones da 7ª arte dos nossos tempos e Marion Cotillard, uma atriz de imenso talento que vai alternando projetos mais particulares, geralmente de origem europeia, com produções norte-americanas de maior orçamento e impacto mediático.
Pareciam criadas as condições para um filme brilhante.

Mas se as suas personagens são construídas com elevado potencial, o desempenho de ambos os protagonistas acaba por não corresponder às expetativas. É verdade que a sua ambiguidade, incerteza e insegurança são próprios do enredo do filme, já a falta de chama no relacionamento, ferocidade nos momentos mais intensos e voracidade nas cenas de ação, parece apenas desleixo. Ambos têm os seus momentos mais “normais” mas, no geral, parecem demasiado em piloto automático.

Max Vatan (Pitt) e Marianne Beauséjour (Cotillard), ambos espiões ao serviço dos aliados – ele canadiano, ela francesa – formam uma necessária aliança para concretizar um atentado contra o representante do Reich em Casablanca. Audaz e imprevisível o plano tem tudo para dar errado. Da inabilidade de Max para se fazer passar por um cavalheiro parisiense, à desconfiança dos alemães face à presença de um casal enigmático ou à diminuta taxa de sucesso prevista pelos próprios, o desfecho não parece promissor.
Mas o filme não é só Casablanca… e o jogo do gato e do rato, não se ficará por aqui.

Nada a apontar à história, aos cenários ou à realização mas fica evidente que algo (muito importante!) falhou. Desprovido de emoção durante largos períodos de tempo, a tensão e paixão parecem esfumar-se com a velocidade de uma tempestade de areia ou a dureza de um ataque aéreo.

Fica o romantismo de um filme bem construído e dirigido…
…e a mágoa por ter pecado onde menos se esperava.

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