“Viver na Noite (Live by Night)” de Ben Affleck
Caro Ben, não se pode acertar sempre!
Argo. The Town. Gone Baby Gone. Assim tem sido a carreira de Ben Affleck, atrás das câmaras.
É fácil de perceber que a expetativa tem vindo a crescer a cada filme, e com o sucesso de crítica, prémios e publico que Argo lhe gracejou, todos os olhos estavam neste Live by Night.
Romantismo q.b. com a recuperação dos turbulentos mas apaixonantes anos da Lei Seca. Um homem perdido entre o desejo de ser independente e o poder dos gangs (rivais) que controlavam o crime organizado em Boston. De um lado, italianos. Do outro, irlandeses. No meio, Joe Coughlin (Affleck). Assaltos de pequena monta. Amores proibidos (e/ou impossíveis). Um subcomissário da polícia, como pai (Brendan Gleeson).
Florida. O calor, as gentes e os genes das Caraíbas. As festas, as bebidas, o desejo de ser independente e a necessidade de mudar de vida. Joe (Affleck) prossegue o seu percurso, encontra novos amores e conquista novos aliados e inimigos.
O negócio (proibido) das bebidas alcoólicas está em declínio, com o anunciado fim da Lei Seca. Joe está prestes a tornar-se um “homem bom”. Procura novos negócios, novas oportunidades. Um novo futuro.
E podíamos continuar, e continuar, e continuar.
A principal ideia que nos ficou, logo ao sair da sala, é que estaríamos perante material mais do que suficiente para uma mini-série de 4 episódios, no mínimo. A história vai e volta com igual força e relevância. O universo da Máfia e dos Gangsters é, realmente, de uma riqueza narrativa invejável e Ben tem plena noção disso.
No entanto, não conseguiu ser suficientemente conciso para deixar a sua marca no género. Fazer um filme (fantástico) requer selecção, precisão e critério. Não faltam exemplos, dentro do género, para o demonstrar.
Em termos de realização, trabalho irrepreensível. As cores frias e brilhantes de Boston. As cores quentes e leves de Tampa. Toda a envolvência e desempenhos são os de um filme de qualidade. A camaleónica Sienna Miller – como sempre irreconhecível -, o charme exótico de Zoe Saldana, o pragmatismo de Chris Messina e a omnipresença de Ben Affleck. O enredo tem, sem dúvida, os seus momentos mas perde-se, demasiadas vezes, em voltas e reviravoltas, e regressos e revelações, sem um objetivo (bem) definido.
Em resumo, é um filme que dá prazer de ver mas que rapidamente se esfuma no esquecimento, por via dos muitos e muitos filmes que chegam às nossas salas de cinema a cada semana. E com outra qualidade.
Fica para a próxima, Ben.
Seja no filme a solo de Batman (ao que parece não será) ou noutra aventura qualquer…