“Logan” de James Mangold
Antes de qualquer consideração qualitativa quanto ao filme, o (mais que) merecido reconhecimento à 20th Century Fox, à Marvel e, sobretudo, a James Mangold pela coragem em fazer um filme de super-heróis sério, violento e maduro. Cada vez mais a tendência tem sido exatamente a oposta e Logan é, primeiro que tudo, uma lufada de ar fresco a um género que começa a evidenciar a sua própria saturação.
Estender os elogios a Hugh Jackman e Patrick Stewart. Ambos confirmaram o seu empenho sem precedentes no concretizar deste projeto. Para o australiano tratava-se do 9º filme a calçar as garras de Wolverine e o cansaço seria naturalmente evidente – muito por culpa de Bryan Singer que não conseguiu, infelizmente, mantê-lo arredado da segunda trilogia de X-Men. Nada disso é demonstrado, bem pelo contrário.
O fechar da trilogia Wolverine, de Origins a Logan, veio confirmar que com maior ou menor regularidade ainda é possível construir uma personagem – baseada num super-herói da BD – com princípio, meio e fim. Com um propósito, com um passado, com medos, angústias, preocupações e, acima de tudo, com a palpável sensação de mortalidade… e humanidade.
Mais do que a viagem – o filme em si não será deslumbrante – o que fica é mesmo o destino. Vezes sem conta dos filmes de super-heróis repetem a mesma fórmula de entretenimento e divertimento inconsequente, oferecendo grandes espetaculos visuais que culminam invariavelmente no “cowboy a sair de cena ao pôr-do-sol“. Porém, James Mangold que é até um “veterano” em westerns (3:10 to Yuma e, até certo ponto, Walk the Line), desconstrói por completo o modelo e arrisca, inova e… conquista!
Logan podem não ser o mais divertido filme de super-heróis que vais ver no cinema mas é, certamente, dos poucos que irá ser tema de conversa nos próximos anos. É esse o “risco” que se corre, quando se faz algo de realmente diferente… e bom.
Algures na próxima década, Logan (Jackman) vive uma vida recatada, longe de confusões, mutantes e heroismos. A seu cargo tem um debilitado Professor X (Stewart) e uma vistosa limousine. Mas essa pacatez a sul da fronteira será brutalmente interrompida por uma inocente(?) criança (Dafne Keen) cuja origem e poderes têm tanto de surpreendentes como de reveladores.
Road movie por exelência. Western por defeito. Filme de super-heróis por comparação.
Logan é uma amalgama de géneros, virtudes e “experiências” que faz (plena) justiça a duas décadas de Wolverine e X-Men.
O futuro (do franchise) permanece risonho e recheado de oportunidades mas aqueles que tiveram a oportunidade de participar neste derradeiro suspiro de liberdade (criativa) e homenagem, não irão esquecer tão cedo a experiência.
Logan é um filme para os saudosistas, para os melodramáticos, para os esperançosos, para os apreciadores de cinema e para os fãs de Wolverine e dos X-Men.
É um filme contundente, real e humano… como nenhum filme de super-heróis o conseguiu (ser) antes.
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