“O Meu Pai e Eu (The Confirmation)” de Bob Nelson
Clive Owen ficará feliz por saber que, per si, ainda é motivo suficiente para irmos ao cinema.
O talentoso ator inglês tem estado (estranhamente) arredado das nossas salas de cinema, fruto de uma conjugação de menor produtividade com questionável qualidade. Blood Ties (que com muita pena nossa não tivemos a oportunidade de ver) terá sido o seu último grande desempenho. Antes disso será necessário recuar até Children of Men, há mais de 10(!!) anos.
No extremo oposto temos o jovem Jaeden Lieberher. Depois do sucesso do seu primeiro filme, St. Vincent, ao lado de Bill Murray, o jovem ator repetiu a dose com Michael Shannon em Midnight Special – um daqueles casos estranhos de ausência nas nossas salas de cinema. E continua, agora, neste The Confirmation. De criança já tem pouco mas o rapaz tem, realmente, uma presença (de espírito) invulgar para alguém da sua idade.
Juntos, Clive e Jaeden formam uma dupla tão improvável quanto competente, conduzindo um filme modesto e previsível numa agradável matiné.
Bob Nelson, argumentista nomeado ao Oscar® de Melhor Argumento Original por Nebraska tem aqui a sua estreia como realizador. O ritmo e a intensidade desse filme são repercutidos neste The Confirmation, ainda que a ambição e o objetivo, desta vez, seja bem mais modesto e rotineiro.
Walt (Owen) não está a atravessar um bom bocado. Divorciado, desempregado, frequentemente embriagado e em vias de ser despejado, o hábil carpinteiro tenta recuperar a sua vida e o afeto e respeito do próprio filho.
Neste fim-de-semana Anthony (Lieberher) irá ficar com o pai. Não têm grandes planos, para além das tarefas dominicais da criança. Mas, quando a valiosa caixa de ferramentas de Walt é roubada da própria carrinha, pai e filho irão encetar uma vigorosa caça ao homem.
Pela primeira vez em muitos anos, Walt e Anthony irão partilhar preocupações, segredos e afetos… e ficarão a conhecer-se (melhor) um ao outro.
É um filme modesto, sem dúvidas, que se aproxima bem mais de um telefilme de qualidade do que propriamente de um filme destinado ao grande ecrã. Ainda assim existem nas entrelinhas algumas subtis e primorosas mensagens que vale a pena reter e compreender.
Nem sempre o melhor caminho é o mais direto, sincero e intuitivo. Por vezes, a solução mais eficaz é aquela que nos parece, à partida, plenamente desnecessária e despropositada. Mas se com um pequeno esforço podermos fazer algo melhor, não será essa a única solução possível?!
Jaeden Lieberher está cá para ficar. Mesmo que contidos e modestos os seus desempenhos têm sido sempre de enorme qualidade e, sobretudo, confiança, o que é ainda mais importante na sua tenra idade.
Já quanto a Clive Owen esperamos, sinceramente, que nos venha visitar mais vezes. De preferência em projetos de outra dimensão e ambição que possam engrandecer ainda mais a sua carreira e as nossas idas ao cinema.
A ver vamos o que o futuro lhes/nos reserva.
Desta vez nem foi mau, nem bom. Foi assim-assim!
E ficou a mensagem.