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“A Múmia (The Mummy)” de Alex Kurtzman

Há uma parte de mim que apreciou bastante esta revisitação deste super clássico do cinema de terror.
A parte que gosta de sentir uma suave arrepio da espinha (e que não tem tempo nem pachorra para ver Walking Dead). A parte que foi percebendo a preocupação de Alex Kurtzman e demais equipa (nomeadamente argumentistas e produtores) em construir as bases do afamado Dark Universe da Universal Pictures. A parte que aprecia as novas roupagens e atributos de personagens tão míticas como Dr. Jekyll ou a própria Múmia. A parte que gosta do uso do IMAX 3D, especialmente na “viagem” de avião

Mas há, também, outra parte de mim que não achou lá grande piada ao filme.
A parte que tem a certeza de já ter visto tudo isto em algum lado (nem que seja nos promos do Walking Dead). A parte que desconfia da consistência do argumento e do rumo dado a algumas das personagens principais. A parte que achou extremamente rebuscada a viagem da antiga Mesopotâmia para os arredores da capital londrina, assim como a opção de localizar grande parte do filme em solo inglês. A parte que tem agora a plena convicção que a melhor parte do filme é aquela que envolve (tempestades de) areia, habitações em barro e artefactos antigos mas no seu habitat natural.

Em suma, louva-se o esforço dos envolvidos em dar o tiro de partida para um vasto Universo Cinematográfico mas, per si, o filme deixa algo (ou muito!) a desejar.

A propósito desta última expressão veio-me à memória o último capítulo da trilogia anterior da Múmia. Brendan Fraser e demais intervenientes davam o último suspiro naquela que foi uma bonita história de sustos e aventuras… mesmo que na altura já se antevisse o seu terminus (tal como da carreira de Fraser).

Este remake está uns furos (alguns!) acima desse exemplo menor do cinema de aventuras e terror mas apesar de todos os recursos, humanos e tecnológicos, não deixará assim tantas saudades. Os seus intervenientes sairão apenas ligeiramente chamuscados mas, aparentemente. sem grande mossa.

Exceção feita a Sofia Boutella. A jovem argelina é a grande revelação confirmação deste filme. Depois dos singelos mas relevantes desempenhos em The Kingsman e Star Trek Beyond, a atriz dá corpo e alma ao filme e eleva consideravelmente a fasquia para os Monstros que aí virão. A princesa Ahmanet pode não voltar a erguer-se mas será inquestionável o seu contributo para a carreira da atriz. E vice-versa.

Tom e Annabelle limitam-se a cumprir os serviços mínimos, de herói e dama em apuros… ainda que com as nuances que os novos tempos implicam. Nick Morton não será assim tão cavalheiro e Jenny Halsey não será assim tão indefesa. Pelo menos durante a larga maioria do tempo. Já Russell Crowe e apesar da sua nova corpulência, há ali espaço para mais melhor. É apenas uma questão de esperar pelos novos capítulos.

2.000 anos depois de ter sido enterrada ainda vida, a Princesa Ahmanet (Boutella) é libertada da sua “prisão”. Nick Morton (Cruise) e Chris Vail (Jake Johnson) estavam longe de imaginar as consequências dos seus atos e acabarão por pagar por isso. Mesmo com a ajuda da criptóloga Jenny Halsey (Wallis) e do seu enigmático chefe, Henry Jekyll (Crowe), a dupla de saqueadores e contrabandistas irá sentir na própria pele a ira e o poder de tantos e tantos séculos de inclausura e isolamento.

Se a intenção era das melhores – e o Dark Universe parece ser mesmo uma realidade inquestionável – o resultado final demonstra que ainda há muito trabalho pela frente, especialmente a nível do argumento e da história.

Há muito em jogo, há muito para contar.
Mas há que fazê-lo com maior critério e entusiasmo.

    

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