“Piratas das Caraíbas: Homens Mortos Não Contam Histórias (Pirates of the Caribbean: Dead Men Tell No Tales)” de Joachim Rønning e Espen Sandberg
Digam os críticos o que quiserem mas este Dead Men Tell No Tales é um grande filme pipoca!!
Vamos esquecer, por uns minutos, que se trata do 5º capítulo de uma saga que já teve melhores dias… e que, sobretudo teve um 4º filme, intitulado On Stranger Tides. Porque se os realizadores assim o fizeram, quem somos nós para discutir…
É uma bela história de piratas. A um ritmo incessante e tirando partido de uma estrondosa sala IMAX (3D), o filme de Joachim Rønning e Espen Sandberg é um ótimo entretenimento e um espetáculo visual. Johnny Depp, como sempre, enche a tela com o seu Jack Sparrow (não se esqueçam que ainda estamos a fingir que os 4 filmes anteriores não existiram). A meio caminho entre o gozão e o preocupado, o aventureiro e o medricas, Jack continua a ser uma das nossas personagens preferidas. A sua entrada em cena, não será tão épica quanto o barco a naufragar em The Curse of the Black Pearl mas retrata em apenas alguns segundos a verdadeira essência do “pirata caído em desgraça”… e a cena que se segue avisa-nos de imediato ao que vimos!
De qualquer forma, acabam por ser Carina Smyth e Henry Turner (Kaya Scodelario e Brenton Thwaites, respetivamente) os motores da história. Seguindo o exemplo da trilogia inicial, Jack é bem mais um complemento fundamental à narrativa do que o seu protagonista. Os dois jovens calçam muito bem as botas de Keira Knightley e Orlando Bloom, e acrescentam ao anterior par uma dose extra de conhecimento e argumentação histórica.
Como arqui-inimigo, Javier Bardem. O ator espanhol, responsável por um dos mais idolatrados mauzões da história recente do cinema (Anton Chigurh em No Country For Old Men), preenche plenamente a sua função, dando autenticidade e segurança ao sempre complexo papel de vilão de um filme de aventuras. E, pelo meio, ainda nos dá a conhecer a origem de Jack, o Pardal. Estaremos-lhe para sempre gratos por isso.
Quando Henry (Thwaites), um jovem marinheiro da coroa britânica, é poupado pelo Capitão Salazar (Bardem) para contar a sua história, o acaso só o poderá levar até Jack Sparrow (Depp). Henry pretende encontrar o Tridente de Poseidon e para o fazer contará com a inusitada ajuda de Carina (Scodelario) uma cientista, ou melhor astrónoma, acusada de bruxaria (naturalmente, ou não estivéssemos em plenas Caraíbas, algures no século XVIII).
O trio juntamente com um conjunto de caras bem conhecidas destas aventuras piratianas, irão fugir aos fantasmas liderados pelo Capitão Salazar e se o Tridente parece ser a solução para todos os males (ou maldições) pode ser, também, motivo para outros tantos cataclismos. Ou como se diz na gíria “para grandes males, grandes remédios”.
A dupla de realizadores norueguesa pode ter sido a opção mais improvável para dar seguimento às desventuras de Jack Sparrow mas pode, também, ter sido a sua salvação. Com um enredo simples, nostálgico e revelador, este 5º capítulo recupera o espírito (e não só!) da trilogia anterior e dá novo folgo a um franchise que parecia “encalhado”. .
Johnny Sparrow (ou Jack Depp) continuam a confundir-se numa mesma personagem. É verdade que já vimos tudo isto em algum lado – até porque, por estes dias, o ator norte-americano não varia assim tanto de registo – mas se há, por exemplo, tanta e tanta série de TV idolatrada pelos fãs e pelos críticos, que baralha e volta a dar as mesmas histórias e aventuras, porque raio não podemos desfrutar de cada aventura nas Caraíbas como um regresso às personagens que tanto apreciamos?
E Jack, e William, e Elizabeth estão para durar. Pelo menos a avaliar pelo desenlace do filme – e pela suculenta cena após os créditos finais – não tardará muito para vermos nova aventura por entre mares (ou marés) nunca antes navegadas. O mar é imenso, já o sabíamos. Mas a bordo de uma nau moribunda, com um capitão agarrado à bússola e uma sala IMAX para lhe dar ainda outra dimensão, não podemos deixar de aguardar com renovada expetativa e admiração por novidades.
No entretanto, “resta-nos” confirmar que o cinema de entretenimento está bom de saúde e recomenda-se. Assim, como os piratas de perna de pau, pala no olho e/ou maneirismos pitorescos…