“Hampstead – Nunca é Tarde para Amar” de Joel Hopkins
Simpático, maduro, terno, real.
Hampstead, o filme, vale bem mais pela história verídica que recupera do que propriamente pela sua qualidade cinematográfica. Mesmo tendo presente que há partes importantes do enredo que são ficcionadas, retirando algum charme à história real, há algo de profundamente humano e esclarecedor que nos obriga a uma importante reflexão.
Mas para lá das dúvidas existenciais, há uma barraca que vale milhões. Ou como os mídia referiram na altura, nunca a localização (de uma habitação) foi tão importante.
Ainda assim, para lá dos milhões há, na história ficcionada, espaço para uma viúva norte-americana que procura um novo rumo para a sua vida. Há uma atriz do tamanho de Diane Keaton. E um irlandês, de seu nome Brendan Gleeson, que enche a tela a cada filme.
Gleeson dá vida a Donald Horner, um simpático vagabundo que vive a sua vida longe de tudo e de todos numa singela barraca por entre árvores, pântanos e o olhar desconfiado da maioria das pessoas com quem se cruza.
Uma dessas pessoas é Emily Walters (Keaton) uma endinheirada e endividada viúva de nacionalidade norte-americana que sente tremenda dificuldade em se enquadrar na tiazisse inglesa, especialmente depois da morte do seu marido.
Mas que um dia se deparará com Donald e sentirá uma tremenda curiosidade (e necessidade) em perceber quem é este homem e o porquê da sua existência à margem dos demais.
Há uma sublime mensagem por entre todo o filme que nos obriga a uma reflexão cuidadosa. A obsessão pela imagem e pela opinião dos outros continua ad aeternum a moldar, e muitas vezes a condicionar, o comportamento do ser humano.
Para lá do moral da história, fica o talento dos dois veteranos atores que, em registos totalmente distintos, enchem o ecrã com tamanha naturalidade e talento. Na verdade dá vontade de ficar por lá, a tarde toda, a apreciar o despique de facetas e a cumplicidade de muitos e muitos anos de talento.
E há, também, Joel Hopkins. O realizador britânico não é cineasta para grandes reboliços mas conta com um conjunto de filmes, nomeadamente The Love Punch, Last Chance Harvey e agora este Hampstead, que apesar de modestos confirmam que (ainda) há espaço no cinema para registos mais maduros e sinceros.
Fica a simpatia. A história. E dois atores realmente fantásticos!
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