“O Estrangeiro (The Foreigner)” de Martin Campbell
Não é todos os dias que vemos um filme de ação com princípio, meio e fim!
Cada um à sua maneira, Jackie Chan e Pierce Brosnan têm provas mais que dadas do seu talento para o género, por isso foi com agradável naturalidade que confirmámos os dotes, intocáveis, de um e outro.
Martin Campbell também já é veterano nestas andanças, com filmes como GoldenEye e Casino Royale “no bolso”.
Ainda assim, não estaria à espera de uma história tão poderosa e verossímil, nem de um enredo tão bem construído!
Que bela surpresa.
The Foreigner é um daqueles filmes que surge do nada mas que ao contrário de muitos dos seus semelhantes, merece ficar por cá uns tempos. Numa altura em que novos e velhos cismas parecem ressurgir um pouco por todo o mundo, e em que o tema da insegurança está na ordem do dia, o livro de Stephen Leather parece mais atual do que nunca.
Para além de pegar numa história com 25 anos e dar-lhe uma nova roupagem, Campbell tem o dom de nos manter interessados e desconfiados quanto ao rumo da história mesmo até ao final, sem nunca se aventurar por terrenos demasiado movediços ou incoerentes. Pelo meio um virtuoso jogo do gato e do rato, algumas cenas de ação bem concretizadas e, em geral, um filme agradável de se ver… apesar da sua dose de realismo inquietante.
Quando um atentado aparentemente aleatório tira a Quan Ngoc Minh (Chan) a sua única razão de viver – a sua filha – o veterano dono de um restaurante asiático em Londres enceta um perigoso caminho ao encontro dos seus autores. Simpático, humilde e trabalhador o imigrante parece incapaz de fazer mal a um mosca… mas quando as autoridades tardam em lhe dar uma resposta concreta, nada mais lhe resta do que assumir uma investigação por conta próprio. O principal alvo da sua perseverança será Liam Hennessy (Brosnan), um dos principais elos de ligação entre o governo britânico e os separatistas do IRA, cujo passado parece estar sempre presente para o atraiçoar.
Para além do inevitável duelo entre os dois protagonistas, o filmes vale pelas pequenas histórias paralelas que se vão desenvolvendo e que, aos poucos e poucos, se vão mesclando com o enredo principal. Sem grandes efeitos especiais ou visuais, o filme vale pelas sempre competentes cenas de ação engendradas pelo mestre Chan e pela qualidade de um enredo que sabe precisamente onde quer chegar. E fá-lo com indiscutível qualidade.
Não existem, por estes dias, muitos filmes de ação (ou outros) com a competência deste The Foreigner. Não é por acaso que paulatinamente o filme tem sido um (naturalmente comedido) sucesso nas bilheteiras. Por cá mas também lá por fora.
Gostámos.