“Liga da Justiça (Justice League)” de Zack Snyder
Não é à toa que estamos perante o mais divertido, descontraído e humano filme do Universo cinematográfico da DC Comics.
Plenamente convicto da influência de Joss Whedon no processo de aligeiração do DCEU – não é seguramente inocente a sua contratação para retocar o trabalho de Snyder – Justice League pode ter (e tem!) os seus defeitos mas ninguém lhe retira o título de filme mais doce da DC Comics.
Sem querer entrar em demasiadas considerações sobre o futuro dos super-heróis na grande tela – com Ben Affleck e o seu Batman à cabeça – parece cada vez mais premente a aposta da Warner Bros em dar uma roupagem mais juvenil e bem disposta aos lideres desta Liga da Justiça, e demais. The Flash (Ezra Miller) é, sem dúvida, o exemplo maior desse redirecionamento e a sua relação de admiração/disputa com Super Man, o momento mais explícito. Barry Allen choca “de frente” com Bruce Wayne e o seu passado (e presente) sombrio e doloroso, mas após 4 filmes funciona como um (urgente) balão de oxigénio para o franchise.
Ainda assim, Batman e Wonder Woman continuam a ser o espectro central desta Liga da Justiça. Pelo seu passado cinematográfico e (no caso de Diana) pelo sucesso das suas anteriores participações, o par de super-heróis lidera um grupo de praticamente desconhecidos em mais uma luta para salvar o mundo.
A seu lado surgem, ainda Cyborg e Aquaman. Ray Fisher e Jason Momoa cumprem com distinção a sua primeira aparição na grande tela e deixam fortes referências para o que se seguirá. Para Aquaman já sabemos que a espera não será longa, já que o Natal de 2018 é já ali, a seguir à curva. Pessoalmente não esperaria tanto mas não é segredo nenhum que a Warner ainda procura o tom certo para construir um franchise que muitos e muitos milhões!
E ainda temos o regresso de Henry Cavill (com ou sem bigode) e do seu Super Man. Seguramente o mais inspirador super-herói da atulidade tanto dentro do DCEU como para quem se senta na sala de cinema.
Tudo junto resulta numa agradável surpresa, num filme de ampla camaradagem, num registo quase nos antípodas do que Zack Snyder tinha construído com Man of Steel e respetiva sequela, Dawn of Justice. Para além das caras novas, é Gal Gadot quem mais beneficia com este refresh. Depois do mega sucesso de Wonder Woman era mais do que esperado que a sua Diana Prince assumisse maior protagonismo mas com Ben Affleck na porta de saída e Super Man ainda a regressar do além, a Liga é dela!
O tendão de Aquiles, percalço, senão e todos os eufemismo que se possa utilizar, é o vilão. Steppenwolf é aquele “bicho” que quer destruir o mundo e fazê-lo regressar à era das trevas. Aquele vilão que sem qualquer motivo ou objetivo apenas quer destruir, ainda para mais o mundo INTEIRO. Aquela imagem apocalíptica dos filmes de super-heróis que não leva a lado nenhum, que cansa, alheia o espetador e nada traz de novo. Que saudades de Joker (versão Jack Nicholson ou Heath Ledger, tanto faz), Zemo ou mesmo de Lex Luthor (Jesse Eisenberg).
E quando visualmente o “rapaz” é em tudo semelhante ao Surtur de Thor: Ragnarok, não há MESMO nada a fazer.
Do enredo já (quase) tudo se sabe. Um malicioso vilão pretende destruir o nosso planeta e apenas a união fará a força. Batman (Affleck), Wonder Woman (Gadot), Aquaman (Momoa), Cyborg (Fisher) e The Flash (Miller) terão de congregar esforços para o derrotar… mas não sei antes um certo Super Herói (Cavill) regressar.
Como filme de entretenimento, Justice League funciona muito bem. Divertido, fantástico e inteligente q.b., o filme constrói habilmente a sua equipa, dando espaço a cada um para deixar a sua marca. A sua relevância será mais evidente no futuro do franchise mas a diferença de tom é inegável, aproximando o espetador das personagens e deixando-o, à saída da sala de cinema, com a boa sensação de entretenimento de qualidade.
Com um retoque ou outro, o Universo Estendido da DC Comics (no cinema) está bom e recomenda-se!