“Thor: Ragnarok” de Taika Waititi
Há uma estranha devoção em torno deste Ragnarok que, à falta de expressão mais erudita, “passou-me ao lado”!
É inquestionável a sua relevância para o futuro próximo do MCU e a sua aproximação ao espírito, enredo e aspeto visual de Guardians of the Galaxy, e sequela. Ambas características que abonam bastante a seu favor, tornando-o mais divertido, mais ligeiro, mais aventureiro mas ao mesmo tempo determinante e sério.
Porém, pese embora as duas horas bem passadas, ficou-me apenas a sensação que foi bom rever bons amigos e que espero que voltem com a maior brevidade possível. Ou seja, nenhuma comoção, sentimento especial ou deslumbramento cinematográfico pelo que vi. Foi bom, sem dúvidas nenhumas, mas pouco mais.
O ponto alto do filme é a cumplicidade entre Hulk e Thor, especialmente enquanto o primeiro mantém a sua aparências mais esverdeada. Ruffalo, versão CGI, e Hemsworth mesclam com assaz sentido de humor e perspicácia, ao bom estilo dos filmes de aventuras. Com a “princesa” presa das masmorras, o seu dragão feroz é tudo o que lhe resta para congeminar uma fuga e mudar a contenda a seu favor. A questão é que para lá de Sakaar, Thor Ragnarok é um filme sem grande chama ou inovação.
Pelo meio ainda temos o cameo de Dr. Stange, a inconsequência do vastíssimo poder de Hela (Cate Blanchett), a aparente redenção de Loki (Tom Hiddleston), um bizarro e hilariante Jeff Goldblum no papel de Grandmaster e o surgimento da nova coqueluche feminina de Asgard, Valkyrie (Tessa Thompson).
Parece evidente que a soma das partes ultrapassa confortavelmente o todo. Ao detalhar os momentos e as personagens (novas e “velhas”) do filme fica a ideia que estamos perante um filme grandioso mas não é essa a sensação que nos ocorre durante o filme. “Culpa” disso está num início algo insólito e num desenlace algo aborrecido que, para lá da solução-final, é demasiado recorrente e previsível. Ragnarok começa e acaba mais ou menos da mesma forma (que o diga Surtur) e, neste caso em concreto, a virtude está totalmente no meio (do filme)!
Thor percorre os confins da galáxia em busca das Infinity Stones. É aprisionado por Surtur, regressa a Asgard. Fica aprisionado em Sakaar, reencontra Hulk, conhece Valkyrie, faz as pazes com Loki e volta a Asgaard para enfrentar Hela. Monta uma equipa de super-heróis. Ragnarok.
Haveria (muito) mais para contar mas é complicado fazê-lo sem revelar em demasia o enredo do filme. Uma coisa é certa. O percurso de Thor e dos demais Vingadores parece seguir irremediavelmente na mesma direção. Ainda antes do 3º encontro, os terranos terão oportunidade de acertar agulhas em Black Panther… porque a Infinity War está mesmo, mesmo, prestes a começar (Maio, 2018).
Quanto a Thor e à sua (nova) equipa, eles parecem mais do que preparados para o que aí vem. Só quero ver quando esta malta se deparar com uns certos Guardiões da Galáxia…
Thor: Ragnarok: 5*
Adorei os novos personagens, mas é um pouco longo.
Cumprimentos, Frederico Daniel.