“O Espírito da Festa (Le Sens de la Fête)” de Olivier Nakache e Eric Toledano
Se Samba era um filme que vivia muito do sucesso alcançado pela dupla Nakache/Toledano e, sobretudo, por Omar Sy com o magnífico Intouchables, este Le Sens de la Fête vale por si… e de uma forma amplamente surpreendente.
Contrariamente aos seus dois filmes anteriores – pelas razões evidenciadas acima – desta vez o filme da dupla francesa chegou ao nosso país quase de forma incógnita, mesmo depois de ter batido redondamente Blade Runner 2049 nas bilheteiras francesas, há sensivelmente 2 meses, e de ser um dos filmes mais vistos do ano no hexágono.
Tudo, amplamente, merecido!
Le Sens de la Fête não chega a ser uma comédia, nem um drama, nem um romance, nem um musical. É um filme que mistura géneros, estilos, desempenhos sinceros e competentes e um talento precioso para contar histórias.
É um retrato da França dos dias de hoje, da multiplicidade de raças, credos e nacionalidades, do contraste de classes sociais, de gostos e de feitios, da perseverança, da experiência e de um casamento num Château.
Mas não é apenas “um casamento”. É algo que transcende essa cerimónia conduzida por Max Angély (Jean-Pierre Bacri), a união entre Pierre (Benjamin Lavernhe) e Héléna (Judith Chemla), o conflito entre James (Gilles Lellouche) e Adèle (Eye Haidara) e um sem número de outras suculentas personagens que preenchem as quase 2h de filme.
Somos conduzidos pela mão, sem a mínima noção para onde vamos. Mas tudo às claras. Não há subterfúgios, reviravoltas ou desvarios. Temos uma história que podia ser a de qualquer um de nós. Sim, estamos num Château da Île-de-France, com perucas, fardas, lenços brancos no ar e um humanismo precioso.
É uma pena que tenha terminado. Ficávamos por lá mais duas horas… ou dois dias. Aliás, o maior elogio que se pode fazer é que fica a clara sensação que o que se passa “depois do filme terminar” seria tão bom, ou melhor, quanto o que acabamos de ver!
Saímos de ânimo leve, contentes com nós próprios e desejosos de encarar um novo dia.
Chapeau.