“Beirut – O Resgate” de Brad Anderson
Nem todos os filmes têm de ser obras-primas, tremendos exemplos da arte da escrita ou da representação visual, para serem competentes, interessantes e sérios.
Beirut é certamente um desses casos. Sem grandes ambições cinematográficas ou sócio-políticas, o filme de Brad Anderson utiliza um enquadramento geográfico e político real para contar uma história tão verídica como tantas outras que, certamente, ocorreram no Líbano no pré e pós a sua violenta guerra civil, no final da década de 70, inícios da de 80.
Tony Gilroy tem o pedigree para justificar a antecipação e a nossa atenção relativamente ao seu argumento e mesmo não comprometendo, a história não será tão contundente como seria de esperar. O filme segue a bom ritmo, nunca dando azo a grandes pausas ou reflexões, preocupando-se sempre como o seu propósito principal, contar uma história. História essa que envolve espiões, interesses geo-políticas e umas quantas facadas nas costas.
Jon Hamm continua a convencer. O talentoso ator que tem uma carreira invejável na TV parece talhado para “dar o salto” (talvez um conceito ultrapassado face às inúmeras estrelas de Hollywood que cada vez mais partilham o pequeno e o grande ecrã) mas por uma razão ou outra continua a ser olhado de lado pelos produtores cinematográficos. Mesmo não sendo retumbante, o seu desempenho confirma pergaminhos e abre a porta para novas aventuras na 7ª arte. Disso não tenho dúvidas.
Quanto a Rosamund Pike confesso que me agradou bem mais o seu desempenho em Entebbe – até pela relevância da sua personagem no filme de José Padilha – ainda assim, está inegavelmente à altura do desafio e junto a Hamm fazem uma dupla de respeito. De qualquer forma fica a certeza que a atriz britânica está talhada para outros voos. Certamente voltaremos a falar nela lá mais para o final do ano. Mark my words.
Mason Skiles (Hamm) já foi (bastante!!) feliz em Beirut. Mas os anos 70 na capital do Líbano acabaram da forma mais desoladora possível com a outrora Paris do Médio Oriente a mergulhar numa terrível guerra civil e num imenso lago de tubarões, onde espiões, diplomatas e civis se movimentavam em busca de vantagens estratégicas em nome das suas convicções culturais, políticas e religiosas.
Mason só não estaria à espera de ser “convidado” a regressar, numa altura de forte instabilidade e convulsão. Mas algo tinha ficado para trás…
Aos poucos vamos percebendo o que nos trouxe, também, a Beirut. Sem ser demasiado cáustico ou opinativo, o filme centra-se na história de Mason e na sua rede de conhecidos. É evidente a preocupação em enquadrar historicamente o cenário mas a Tony Gilroy interessa, sobretudo, entreter o espetador e dar-lhe um puzzle (em constante movimento) para completar.
Vamos montando as peças e apesar de acabarmos com alguns cantos por preencher, a imagem final é bastante positiva e coerente.
É, sem dúvida, um filme competente que faz a sua parte e nos garante um ótimo serão.
Foi bom!