“American Animals: O Assalto” de Bart Layton
Há um enorme contrassenso em tudo isto!
A primeira reação (e única(!!), aceitável) à passagem deste American Animals pelas nossas salas de cinema é que os espetadores não sabem o que querem… nem o que é bom!
E nós que tivemos a ousadia de comprová-lo in loco, acabamos por “aderir” à tendência e atrasamos a crítica mais de 2 meses face à data de estreia nacional do filme. O nosso sincero mea culpa.
Mesmo antes de começar, o filme prende-nos com a referência aos factos verídicos que servem ou não(!) de inspiração ao filme. E rapidamente percebemos o porquê desta intrigante referência. Personagens e pessoas reais confundem-se, partilham a tela e contam a sua versão da história. Várias vezes uns e outros questionam a sua integridade, as suas motivações e, sobretudo, a veracidade da sua história.
Pode parecer complicado mas, em boa verdade, é bastante simples. Bart Layton, premiado realizador de documentários, estreia-se na ficção com uma mistura de géneros e formas. Os próprios envolvidos no assalto à biblioteca da Universidade de Lexington, no Kentucky, surgem na grande tela respondendo a questões, esclarecendo dúvidas, contando a sua versão da história. Pelo meio Evan Peters, Barry Keoghan, Blake Jenner e Jared Abrahamson – o mais promissor quarteto de jovens atores a partilhar a tela nos últimos largos anos – assumem a sua identidade na versão ficcionada (ou não) da história.
Mas se American Animals é um mocdocumentário é, também, um heist movie. E de grande qualidade. Personagens de grande complexidade e densidade, congeminam aquele que será/seria/foi o “assalto do século”. Layton foca grande parte da sua (e nossa!) atenção naquele longo segundo em que 4 pessoas normais se tornam bandidos. Planear, preparar, executar um assalto é, durante 90% do seu processo, apenas um grupo de idiotas a ocupar o seu tempo. Até que atravessam aquele ténue linha sem retorno.
É um dos grande argumentos do ano. É até ao momento o melhor trabalho de montagem que passou pelas nossas salas de cinema. Sem grandes recursos, nem artefatos, o processo vive da imaginação e ousadia dos envolvidos. E isso é, realmente, cinema!!
Ficamos a par de todo o processo que levou 4 jovens a assaltar uma simples biblioteca onde se encontravam alguns dos mais valiosos livros norte-americanos. No final, caberá, a cada um, assumir onde começa e onde acaba a ficção!
Um filme para descobrir antes que a temporada dos prémios o torne obrigatório!