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“Uma Luta Desigual (On the Basis of Sex)” de Mimi Leder

É impossível condensar em 2h todo o trabalho levado a cabo pela juíza Ruth Bader Ginsburg ao longo de mais de 50 anos de vida ativa, muito menos o tenebroso caminho percorrido (e ainda por percorrer) pelo sexo feminino até ao reconhecimento e igualdade num mundo amplamente condicionado por um sexo masculino preconceituoso e arrogante.
Ainda assim, seria injusto não afirmar que Mimi Leder fez a sua parte!

Não é preciso ser uma mulher excecional para merecer o reconhecimento dos seus pares, todavia, numa América retrógrada e (ainda hoje) culturalmente preconceituosa, foi necessário uma para derrubar algumas das mais exasperáveis barreiras sociais.

O filme leva o debate para a barra do tribunal, mas, tal como é reiterado várias vezes, a importância das leis (norte-americanas) é meramente marginal face à evolução das mentalidades. Porém, lá como cá, nem sempre a “evolução” é bem aceite por quem de direito…

Tal como íamos adiantado, não é fácil resumir a vida (e obra) de Ruth Bader Ginsburg a um só caso. É verdade que a relação com o seu marido e com a sua filha assumem, igualmente, relevo mas é, de facto, o seu trabalho em prol dos direitos femininos que a tornou numa referência.

Anos mais tarde, a inquebrável advogada havia de se tornar juíza do Supremo Tribunal Federal norte-americano mas, quando iniciou o seu percurso académico na famosa Faculdade de Direito da Universidade de Harvard, estaria certamente longe de imaginar onde a sua determinação a levaria.
Não foram anos fáceis, tanto em termos pessoais mas, sobretudo, em termos sociais e profissionais. Inserida num meio amplamente machista e preconceituoso, Ruth (Felicity Jones) sabia que podia contar com o meu marido (Armie Hammer), também ele advogado, mas, também por isso, a condescendência daqueles que os rodeavam era ainda mais insuportável.
Mas a vida é feita de caminhos tortuosos e imprevisíveis.

Antes de tudo, este On the Basis of Sex é uma homenagem a todas as mulheres que ao longo das suas vidas tiverem (e têm, ainda hoje) de lidar com o estigma do sexo forte. A dada altura, parece que estamos perante homens das cavernas, concentrados no seu umbigo e nas suas peneiras, mas se refletirmos bem, nem tudo é tão claro e evidente como devia ser.

O filme temo condão de expor o ridículo, ainda que ao caricatura-lo acabe por lhe dar uma graça perigosa. São assuntos sérios, fraturantes e reveladores.
E ir ao cinema, ver um filme que, mesmo com uma vertente de entretenimento, os aborda com assertividade é, em si, um privilégio.

Seguramente, o filme dirá mais ao público feminino do que ao masculino. Muito embora cientes destas questões, será sempre diferente assistir a elas, ao invés de lidar com elas. O impacto emocional será naturalmente distinto e a sua relevância também,

Nesse sinuoso mundo das perceções e das relevâncias, fica a clara sensação que fosse noutros tempos e um filme sobre os direitos das mulheres teria outro impacto mediático. Pode parecer preconceituoso da nossa parte mas, por estes dias, o racismo e a xenofobia “vende” bem mais do que os direitos das mulheres…
basta ver a lista de nomeados deste ano.

Para lá de discussões cinematográficas ou sócio-culturais, On the Basis of Sex é um filme que vale bem a pena ver!

   

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