“Irmãs a Meias (Demi-Sœurs)” de Saphia Azzeddine e François-Régis Jeanne
Em Roma, sê romano.
De França… comédias (francesas).
Os franceses têm seguramente os seus defeitos, a comédia não é um deles. O que torna ainda mais caricato o trajeto deste Demi-Sœurs.
O ponto de partida promete bastante. Um ricaço que, aparentemente, acumulava riqueza e conquistas, deixa em testamento às suas três filhas bastardas – que não o conheciam e muito menos sabiam da existência umas das outras – um amplo apartamento no centro de Paris. E está lançado o “isco”.
Passada a fase das devidas apresentações, o filme faz uma desnecessária colagem a um dos grandes sucessos recentes do cinema francês – cuja sequela, Qu’est-ce qu’on a encore fait au Bon Dieu, já estreou por lá este ano -, explorando a diversidade cultural e, sobretudo, religiosa de uma França que se esforça por aceitar as suas diferenças.
Até aí, menos mal, o verdadeiro problema chega quando ao invés de se dedicar a divertir a sua plateia ansiosa pelo sarcasmo e ironia desse melting-pot levado ao extremo pela condição peculiar das 3 meias-irmãs, o filme envereda por um enredo demasiado parisiense e burguês, recheado de sub-plots sem qualquer ligação ou apreço.
O desenlace deixa a possibilidade de virmos a ter mais histórias, e MELHORES, deste trio peculiar, mas é pouco para o potencial, sobretudo cómico, da situação.
Há, reconheçamos, uma certa responsabilidade da nossa parte. O trailer leva-nos a categorizar
Demi-Sœurs como mais uma comédia francesa (clarifique-se, sem qualquer tom pejorativo), mas aparentemente não seria (só) esse o objetivo da dupla de realizadores.
Ainda assim temos direito a um ou outro cameo de relevo, nomeadamente da Tour Eiffel e da Pont Alexandre III, que ajudam a matar saudades da cidade-luz. E até os subúrbios fazem a sua aparição de forma humilde mas elegante!
É indisfarçável a nossa desilusão.
O filme tem inegavelmente os seus momentos, porém é pouco, muito pouco, quando comparado com o seu potencial e com outras obras do mesmo estilo, igualmente de origem francófona.
E há, pelo menos, umas duas ou três este ano que aguardamos com ampla expetativa!