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“Miss XL (Dumplin’)” de Anne Fletcher

Hora de colocar as críticas em dia.
Nunca é uma decisão fácil e muitas vezes injusta para os com filmes cujas críticas são adiadas, mas, cada um à sua maneir, justificável.

Primeiro cinema ligeiro. Deixamos o skill set do Liam para mais logo.

Jennifer Aniston é, na prática, a única justificação para Dumplin’ ter chegado aos nossos cinemas. A produção da Netflix teve direito a estreia por cá mas pode-se sempre argumentar que tal não será necessariamente um bom sinal.

A “luta” entre os serviços de stream e as cadeias de cinema tem afastado das salas de cinema algumas obras que mereciam tal distinção – sim, assumimos o romantismo clássico que, para um filme, estrear numa sala de cinema é sinal de mérito.
Pois bem, há também, os outros filmes, mais modestos, que não originam tal conflito, e que acabam por estrear no “local certo”.

É assim que chegamos a esta comédia dramática sobre as diferenças e indiferenças e os concursos de Miss. Há, naturalmente, mais do que alegres debutantes a desfilar pela tela. E há, também, uma banda-sonora assinada pela icónica Dolly Parton.

Até aqui ainda custa a perceber ao que vamos, especialmente nós que não vivemos no oeste norte-americana, que não crescemos obcecados pelos ditos concursos e que reconhecemos a cantora apenas de um ou outro clássico da música country norte-americana.

Voltemos, então, a Aniston. A atriz produz mas deixa o protagonismo para a jovem Danielle Macdonald. É claro que a sua Rosie é omnipresente durante o filme mas bem mais num papel de condução do que, propriamente, de ação.

O filme, ligeiro e divertido q.b., acaba por ser bem mais do que aquilo que aparenta. Saltam à vista as questões do preconceito e da dificuldade de interação entre seres humanos, mesmo os que partilham laços de sangue tão fortes como mães e filhas. Mas a mensagem vai muito para além do óbvio.

A necessidade intrínseca de sermos aceites como ser social, suplanta, em muito, a nossa individualidade. O ser humano social que somos, é sedento de atenção, de reconhecimento, de compreensão. Por vezes esse sentimento é demonstrado de forma mais explícita, outras vezes em singelos detalhes que obrigam a uma cuidada atenção.

Willowdean (Macdonald) é uma rapariga como outra qualquer. A pequena cidade do interior norte-americano parece feita à sua medida. Não fossem dois detalhes. A sua mãe (Aniston) é a lendária Miss Teen Bluebonnet, título que ela, 30 anos depois, ainda ostenta com irrepreensível orgulho. Dumplin’ é, digamos, bem gordinha. Ou seja, uma verdadeira Miss XL.
A difícil relação entre mãe e filha. A temporada dos concursos de miss. Um movimento de revolta.

O filme evolui em bom ritmo. Vamos tendo algumas surpresas, várias revelações e aquele inquestionável conforto de matiné de sábado. O filme sabe precisamente onde quer chegar e fá-lo com a devida elegância e bom gosto.

É simpático.
E nunca quis ser mais do que isso.

Tal como Dumplin’.

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