“Vingadores: Endgame (Avengers: Endgame)” de Anthony e Joe Russo
De forma sucinta e direta, Endgame não é, necessariamente, um filme fantástico. Porém, é fantástico naquilo que faz!
Há um equilíbrio preciso entre a emotividade, a ação e o arco narrativo que se encerra ao fim de 11 anos e 22 filmes. Essa harmonia chega ao ponto de durante as mais de 3 horas termos tido oportunidade de reencontrar praticamente todos os principais elementos do MCU, num enredo que é simultaneamente nostálgico, original, conclusivo e inspirador (de novas aventuras!).
Nada, e é mesmo NADA, é deixado ao acaso. Pode-se sempre argumentar que há um ou outro detalhe, ou ponta solta, que fica por (aparentemente) por clarificar, mas dada a atenção dada a cada detalhe, a cada diálogo e a cada “fotografia”, somos obrigados a aceitar que “tudo aconteceu por uma razão”… e que os próximos anos ajudarão a clarificá-lo.
Mas antes disso vamos ao arco narrativo. Infinity War foi o verdadeiro culminar do MCU tal como o conhecemos. Muito se argumentou, durante os últimos meses, que Endgame seria o culminar do processo iniciado em 2008, com Iron Man. Puro engano. Para o mal e para o bem, isso aconteceu, exatamente, 12 meses antes.
E se é para escolher de entre os eventuais “mundos paralelos”, ficava-me por aquele que humanizou em definitivo os nossos super-heróis, e lhes deu um princípio, um meio e um fim!
Com Endgame deixámos, de vez, de ter super-heróis reais, possíveis e meramente (sobre)humanos. Mais relevante, deixámos de ter um enredo real, possível, coerente. Endgame abriu a Caixa de Pandora… e terá, forçosamente de conquistar os seus fãs, de agora em diante, levando-os para outro patamar, por ventura mais próximo dos comics, mas mais distante da sua génese cinematográfica.
E ainda assim, foi realmente fantástico. Se o talento do elenco – para alguns basta simplesmente aparecer, em bom abono da verdade – e os muitos milhões investidos (sim, investidos, porque o retorno, como se sabe é gigantesco!) na produção do filme contribuem para o inquestionável resultado final, há 2 nomes que se destacam dos demais. Anthony Russo e Joe Russo. Os dois irmãos de Cleveland pegaram no franchise em The Winter Soldier e, mais ou menos a meio de Civil War, percebeu-se que tudo estava nas suas mãos… e imaginação! Se a revolução teve o 2º e 3º capítulo “a solo” de Captain America como ponto de partida, os primeiros 20 minutos de Endgame, demonstraram a qualidade de uma dupla uns furos a cima (ou à frente) dos próprios fãs da saga.
Há cabeças a rolar, há anos a passar, e uma incontrolável emoção e angústia que passa da grande tela para os milhões de espetadores em todo o mundo que assistiram/ão ao filme. Quando percebemos que tudo o que estávamos à espera foi totalmente desconstruído em 2 minutos, já vamos a caminho do “novo mundo”.
O que se segue é reflexo do massivo orçamento à disposição. E não é só em termos de efeitos especiais. É, sobretudo, na quantidade e qualidade e argumentista que devem ter visto e revisto o enredo, de forma a garantir o máximo de imaginação e de coerência. Não é à toa que mesmo depois de levantado a moratória “oficial” para revelar os detalhes do filme, é raro ver-se alguém questionar as opções narrativas seguidas. Haverá sempre quem encontre aquele detalhe, mas, globalmente todos os sub-enredos foram construídos de forma irrepreensível.
E não é só a consistência da(s) história(s) durante as mais de 3 horas de filme. É, sobretudo, o seu respeito por 11 anos de História do Cinema e as múltiplas oportunidades que se criaram para um futuro, necessariamente diferente, mas, igualmente entusiasmante.
E ainda de terminarmos, temos, ainda, uma última oportunidade para homenagear todos os que contribuíram para o sucesso da saga. À cabeça Robert Downey Jr/Iron Man, o líder cinematográfico de todo o projeto Marvel e figura de proa destes primeiros 11 anos. Segue-se Chris Evans/Captain America, comummente designado como o líder emocional da saga, mais não seja pela sua história nos comics e pela forma humana como é retratado. Chris Hemsworth/Thor é outro dos heróis original a merecer máxima atenção. Neste caso a “colagem” da personagem a um lado mais ébrio que até ao momento tinha sido negligenciado na 7ª arte, dá outra graça ao Deus do Trovão e permite “sonhar” com novas aventuras. E finalmente a dupla Jeremy Renner/Hawkeye e Scarlett Johansson/Black Widow, de forma bem distinta e com significados e destinos amplamente antagónicos, a dupla vive este derradeiro capítulo com a a determinação e a emoção de qualquer fã da saga.
Uns voltarão em breve. Outros seguramente que não. Mas parece inquestionável que para o mal e para o bem, Endgame demonstrou, de uma vez por todas, que o Universo Cinemático da Marvel pode ser TUDO o que os seus responsáveis quiserem que ele seja.
Dito isto, Endgame tem todos os componentes para se tornar no filme mais rentável/visto de todos os tempos. O marco cinematográfico é inegável, tanto para a geração que acompanhou o início da saga, como para aquela que se prepara para a levar para outro nível.
E se faltassem indicações quanto à complexidade do futuro, o mais recente trailer de Spider-Man: Far From Home fez questão de demonstrar o que nos espera… pelo menos nos próximos tempos.
É marketing emocional por excelência. E do bom!
E nós A.D.O.R.A.M.O.S.!!
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