“Adeus, Professor (The Professor)” de Wayne Roberts
Goste-se pouco ou muito, é isto Johnny Depp. O sarcasmo, a loucura, o humor negro, a epifania.
The Professor que durante muito tempo foi conhecido por Richard, Says Goodbye – aliás um título bem mais ilustrativo do seu enredo e espírito- é daqueles filmes e daquelas personagens que encaixa com perfeição com o seu protagonista.
Com mais ou menos tiques, é difícil imaginar outro ator a interpretar (com a mesma qualidade) este Professor.
Porquê? Porque Richard (Depp) tem um cancro em estado terminal, mas ao invés de se deixar arrastar para um qualque estado depressivo, o Professor decide arrumar alguns assuntos pendentes e começar a viver a vida sem qualquer sentido de decoro ou preconceito. Tudo com um sorriso malicioso nos lábios e um copo de whiskey na mão!
Será mais ou menos fácil de deduzir que o filme de Wayne Roberts tem tanto de doloroso como de delicioso. A dureza de eminência da morte e a sua liberdade, fazem com que o sorriso e a gargalhada não seja somente o escape para um qualquer momento de medo ou aflição, mas a demonstração sincera do sentimento que provocam. Richard, e sobretudo todos em seu redor, podem estar realmente a sofrer, mas há algo bem mais importante para partilhar. Sem tabus ou meias medidas.
Acabamos por sorrir mais do que chorar, mas apenas porque o filme tem o condão de nos permitir a tal. Vai aos extremos, ultrapassa até alguns limites mas, sinceramente, o fim justifica plenamente os meios.
O filme é simples e comedido, mas apenas na forma. A mensagem é bastante mais acutilante do que estaríamos à espera e tudo envolto num ambiente peculiarmente ligeiro e bem humorado. Há piadas para todos os gostos, sem preconceitos ou limites. No entanto, sem exageros desnecessários nem tentativas forçadas de chegar à piada de forma abusiva.
Se cinema é linguamente, The Professor é um inteligente exemplo de que há muitas formas, algumas bem divertidas, de abordar assuntos sérios e contundentes.
Claro que ajuda ter um Johnny Depp em plena forma e focado… mesmo que incompreendido pelo grande público.
Vai-se lá saber porquê…