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“Ad Astra” de James Gray

O mais incrível do filme é que James Gray consegue fazer um “filme seu” ao mesmo tempo que nos leva pelo espaço. E que viagem!

Desde que ouvimos falar em Ad Astra, a principal incógnita que nos suscitou é bem simples: Como seria possível a um realizador intimista, humano e realista, aventurar-se na ficção-científica, sem perder o Norte?

A combinação de drama romântico a que Gray nos habituou, pincelado aqui e ali com um pouco de ação e realismo, estaria longe, pensávamos nós, de combinar com foguetões, estações espaciais e viagens planetárias. Acontece que, quando se tem o talento para contar histórias como Gray tem, o resultado não é bem assim!

Suportado por mais um (vide Once Upon a Time in… Hollywood) desempenho bastante qualitativo de Brad Pitt, Ad Astra resulta num daqueles filmes que nos hipnotiza, apesar das suas lacunas. Imprevisível, desconcertante, mas ao mesmo tempo coerente e apaixonante. E a forma como Gray conduz a história e a torna sua, é ainda mais impressionante.

Roy McBride (Pitt) perdeu o seu pai (Tommy Lee Jones) muito cedo, quando este liderava uma expedição para lá do sistema solar e nunca mais deu sinal de vida. Esse trauma e esse sonho, fez dele um militar e um astronauta perfeito, mesmo que a sua vida pessoal seja praticamente inexistente. Até ao dia em que um acidente cósmico, o levará em busca dos feitos do seu pai, muitos deles ainda por compreender.

Enquanto viajamos pelo espaço, com o omnipresente Brad Pitt, vamos, literalmente, em busca do desconhecido. Se visualmente e em termos científicos, o filme cumpre com nota positiva, destacando-se alguns momentos mais eletrizantes na Lua (e mais não digo!), há também outras alturas em que parece faltar alguma lógica nos momentos mais espaciais.
Já em termos narrativos, a história evolui de forma contundente. O crescendo de tensão é proporcional à incerteza quanto ao seu desenlace. Ficamos, progressivamente, com cada vez mais certeza que há algo que não nos estão a contar. E, afinal, era tão fácil.

Acaba por ser esse o principal marco da obra de James Gray. A forma como ele fecha a história, é de tal ordem simples que acaba por ser arrebatadora.

E dá (muito) que pensar.

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