“A Vida de um Campeão (The Art of Racing in the Rain)” de Simon Curtis
Ainda não foi desta caríssimo Milo.
Ventimiglia não é propriamente um novato nestas andanças. Aliás, antes mesmo do seu sucesso meteórico na TV (com a série This is Us) já o ator californiano tentava a sua sorte na 7ª arte, ainda que com um visual e aspirações algo diferentes.
Agora o patamar é outro. Fresco do seu novo estatuto, Milo tem tentado alavancar esta nova imagem de quebra-corações para o cinema. O esforço, dedicação e talento parecem realmente aprimorados, mas quando se tem de competir com um golden retriever com a voz do Kevin Costner, chega a ser injusto.
Se Milo e Amanda Seyfried assumem vasta primazia, e por muitos que lhes nos custe, o(s) cachorro(s) e a inconfundível voz do ator de Dances with Wolves ou Bodyguard – para nos ficarmos pelo início dos anos 90! – roubam todas as cenas do filme!
Enzo é assumidamente o motor da história, não por ser o seu narrador mas (também!) por estar lá, em todas as cenas fundamentais, para contar a história. E não é só a sua presença ou a eloquência do timbre empregue por Costner, é a combinação deliciosa de todos os pequenos detalhes que nos levam a acreditar na sua história.
Denny (Ventimiglia) nasceu para ser piloto de automóveis. Os carros sempre foram a sua paixão e razão de viver, até conhecer Eve (Seyfried)… e, mais tarde, Zoe. Pelo menos é assim que Enzo, o seu amigo e fiel escudeiro, nos conta a sua história.
Mas, como em qualquer história há bons e maus momentos. E Enzo esteve sempre lá!
Por esta altura já estamos de tal modo enrolados pela melodia e trejeito da história que quando nos apercebemos onde nos metemos já é tarde. O turbilhão de emoções que se segue promete não deixar ninguém indiferente. E com ou sem klennex’s já todos sabemos onde vamos dar.
Entretanto o filme segue o seu rumo, fecha o ciclo e encerra a história. Com as lágrimas contidas ou a escorrer pelo rosto, saímos da sala de cinema seguros que durante quase 2h vivemos uma história repleta de emoções… e com a certeza que “o cão é o melhor amigo do homem”!
Mas afinal o que faltou a The Art of Racing in the Rain para se revelar um daqueles melosos e adoráveis fenómenos cinematográficos? A resposta não é fácil, nem tão pouco, única.
Muito provavelmente, o principal responsável passa pela conjetura atual. O cinema “mais doce”, como gostamos de o apelidar, tem perdido relevo e fãs, para outros géneros, numa altura em que os espetadores procuram outro tipo de emoções quando entram numa sala de cinema.
Pode ser isso. Ou, simplesmente, já poucos se deixam apaixonar por uns olhos de cachorro abandonado, pêlo arrumado e cauda a abanar.
Certo, caríssimo… Milo?