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“Knives Out – Todos São Suspeitos” de Rian Johnson

Não me recordo da última vez que desfrutei plenamente de um filme deste género. Há toda uma relação de expetativa, evolução narrativa e desenlace que, invariavelmente causam-me um certo sabor amargo na garganta.

Quando o realizador se predispõe, assumidamente, em nos surpreender até ao tutano, há uma série de alarmes e regras que, inconscientemente, condicionam a perceção do filme.

A primeira é que a culpa nunca será do mordomo, sob pena de se cair no cliché clássico.
A segunda é que, pelo menos até meio do filme, os culpados são inocentes e os inocentes são os culpados.
A terceira é que se o realizador prometeu que nos iria surpreender, TUDO o que ele nos “disser” até aos últimos dois minutos do filme, é falso ou enganador.

Isto não quer dizer que Rian Johnson e um elenco incrível não tenham feito um trabalho espetacular. Apenas que ao fim dos primeiros 10 minutos, restavam 2 ou 3 possíveis culpados. E que Agatha Christie há (para sempre!) apenas uma.

À cabeça, Daniel Craig. O atual 007 arranja um estilo, um sotaque e um brilho no olhar bastante peculiares para dar vida a Benoit Blanc, o detetive de serviço e Poirot de alcunha.
É ele o epicentro desta história rocambolesca sobre a morte de um proeminente autor e milionário, reconhecido pelos seus romances policiais, que, na noite do seu 85º aniversário e com a casa repleta de convidados, aparece morto no seu quarto.
Suspeitos não faltam… e motivos também não, mas na mansão secular parece haver sempre algo mais por revelar!

Com maior ou menor surpresa, o enredo é realmente inteligente e coerente. Somos constantemente instruídos (mesmo que de forma subtil) para desconfiar de tudo o que vemos e ouvimos, até ao ponto de duvidar até, das mais evidentes revelações.
No final tudo fará pleno sentido, e só temos mesmo a lamentar a nossa incapacidade para desfrutar em pleno do filme, sem estar em permanentemente estado de alerta.

Se quanto ao enredo caberá a cada um aferir da sua genialidade, a qualidade do elenco e dos desempenhos é inquestionável. Christopher Plummer, Ana de Armas, Chris Evans, Don Johnson, Jamie Lee Curtis, Michael Shannon, Toni Collette e a certeza que se qualquer um deles tivesse (o prazer) de duplicar ou mesmo triplicar o seu “tempo de antena”, seria, seguramente, para gáudio de todos nós!

Palavra final para a mansão Thrombey.
Carismática. Peculiar. Requintada. Enigmática. Reveladora.

Desfrutem e, se possível, deixem-se levar pela história e pelos desempenhos, sem grandes conjeturas ou considerações.

Vai valer bem a pena!

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