“Bombshell – O Escândalo” de Jay Roach
Há Oscars e Oscars.
O de Maquilhagem e Penteados para Bombshell é daqueles que não merece a mínima contestação. Quando, por exemplo, se chega ao ponto de não se conseguir distinguir se quem está na tela é Charlize Theron ou Megyn Kelly, percebemos o óbvio.
É que não foram precisos monstros, envelhecimentos ou características físicas incontornáveis, foi “apenas” transformar uma pessoa, em outra. Várias vezes.
Mas Bombshell não é apenas um feito de Caraterização. É, também, um feito a nível da representação. Theron, Margot Robbie, Nicole Kidman e John Lithgow enchem a tela, arrasam o enredo e colocam vários dedos na ferida! A tensão, a humilhação e a superação é palpável, desconcertante e arrasadora. É cinema (de muita) qualidade, sim senhor(as)!
Roger Ailes (Lithgow) transformou a Fox News no maior canal de comunicação do mundo. Mas pelo caminho deixou um rasto de abusos, assédios e inqualificável machismo. Roger pode muito bem não ter sido um caso isolado, mas foi, de longe, o mais marcante e mediático.
O filme vai evoluindo, num implacável crescendo de emoção e desconcerto, revelando os bastidores de canais de televisão norte-americanos, ciclos de poder perversos e de um cultura machista quase inacreditável.
Depois de, em 2015, ter entrado no cinema mais sério(?!) com Trumbo, Jay Roach volta a uma história verídica, igualmente desconcertante e política, e memorável.
Desta vez, o assunto é mais contemporâneo, logo mais próximo do público, mas, igualmente, mais controverso. Mas, independentemente de politiquices, o retrato é visceral, inacreditável e nojento. Logo, Cinema!
Palavra final para Theron e Robbie. Dois dos mais marcantes desempenhos do ano (com as mais que merecidas nomeações aos Oscars) e que confirmam o talento de duas senhoras que desmistificam a ideia que basta ter uma carinha laroca para triunfar na indústria cinematográfica.
Seguramente, um dos filmes do ano.
E um dos grandes trailers do ano, também!