“Jojo Rabbit” de Taika Waititi
Tenho para mim que o filme não é assim lá essas coisas. Que é como quem diz, é bastante interessante, mas daí até ao Oscar de Melhor Argumento Adaptado, ainda vai um longo caminho.
Especialmente quando se percebe, para quem quer ver, as semelhanças estruturais entre o filme de Taika Waititi e a obra-prima de Roberto Benigni, La Vita è Bella. E não me alongo mais neste tema sob pena de entrar em detalhes evasivos.
A história é bonita, a mensagem bastante inteligente e a mistura de comédia com drama aprimorada, e até surpreendente, mas o filme acaba por não ser tão avassalador quanto o desejável ou expectável.
O realizador, no papel do amigo imaginário, Adolf Hitler, é um dos trunfos do filme. O humor corrosivo que potencia ajuda a dar o tom certo ao filme, mas fica a clara sensação que permanece tempo demais no filme. A dada altura, sem nada para dizer/fazer é apenas mais um estorvo na bonita história do jovem Jojo.
Roman Griffin Davis é uma das revelações do filme, a par de Thomasin McKenzie. A química demonstrada por ambos embala-nos durante os momentos mais marcantes do filme e faz-nos acreditar. Esse misto de inocência e medo, passa para o lado de cá e deixa-nos simultaneamente desconfiados e surpresos bem até ao finalzinho do filme.
Palavra ainda para Sam Rockwell. Depois do Oscar de Melhor Ator Secundário, o ator de Three Billboards continua em grande forma e omnipresente. São dele as melhores deixas do filme, em ambos os extremos da emoção, assim como nos momentos mais marcantes da história. Um ator incrível, com uma áurea inquebrável!
Alemanha, primavera de 1945. As forças nazis começam a perder força, mas isso não impede um jovem rapaz de apenas 10 anos (Davis) de seguir à risca os mandamentos do 3º Reich – incluindo um amigo imaginário à imagem do próprio Hitler.
Mas, quando Jojo descobre que a sua mãe (Scarlett Johansson) esconde nas paredes da casa uma menina judia (McKenzie), os seus valores e princípios começam a ser dilacerados.
Terno e bem humorado, o argumento de Waititi – a partir da obra de Christine Leunens – é tão bizarro que acaba por ser cativante, mesmo que a momentos algo redundante.
E bateu uma saudade de Guido e da sua principessa.