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“Mulherzinhas (Little Women)” de Greta Gerwig

Justiça seja feita ao brilhante trabalho realizado por Greta Gerwig nas suas duas experiências atrás das câmaras.

Depois de Lady Bird em 2017, a jovem atriz/realizadora volta a demonstrar um talento inaudito para contar histórias sinceras e peculiares, com uma ternura e boa disposição ímpares.

Se no primeiro filme, com traços autobiográficos, o destaque era precisamente para o lado mais pessoal da história retratada. Desta vez, o que mais nos cativou foi a forma como a realizadora e argumentista pegou numa história com mais de 150 anos e lhe transmitiu uma frescura e uma paixão muito próprias e revigorantes.

A história de Louisa May Alcott já conheceu outras adaptações, mas nenhuma com a leveza de espírito e a acutilância da assinada por Gerwig. Isto não quer dizer que estejamos perante um mero “passeio alegre” durante as mais de 2h de filme, bem pelo contrário. A história das irmãs March é plenamente respeitada e enaltecida, fazendo sorrir, chorar, duvidar e apaixonar, de forma plena e honesta.

Pessoalmente, foi uma bela surpresa. Naturalmente que a fama que acompanhava o filme, indicaria que estaríamos realmente perante algo diferente e qualitativo, mas honestamente ficou bem acima das nossas expetativas.

Juntamente com a argumentista/realizador, o mérito tem de ser dividido com as 4 protagonistas. Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh e Eliza Scanlen, que cumprem com distinção a sua função. As quatro irmãs March, Jo, Meg, Amy e Beth, respetivamente, são obviamente o epicentro da história que encanta fãs há dezenas e dezenas de décadas.

Cada uma com os seus sonhos, cada uma com as suas opções e incertezas, este coming of age intemporal continua a ser uma história fantástica de perseverança, respeito pelas diferenças e camaradagem.

Numa era em que o papel da mulher resumia-se, na maioria das vezes, ao de dona do lar, um adorável quarteto de irmãs ousou sonhar! Jo (Ronan) a mais irreverente, procurou a independência e a liberdade que só a escrita lhe garantiria. Meg (Watson) adorava representar, Amy (Pugh) a pintura e Beth (Scanlen) o piano. Mas residia na sua união, o verdadeiro segredo da sua emancipação.
Pelo menos, na versão mais romântica da história.

Gerwig pega nesse romantismo e paixão e transforma-os num filme contemporâneo, divertido e inteligente. A história evolui a dois tempos e a duas velocidades, até ao ponto em que o inevitável se une com o imprevisível.

Foi realmente surpreendente.
Numa forma doce e calorosa.

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  1. Eduardo diz:

    Tava na dúvida se via o filme ou ñ… Depois deste texto garantoq vou ver o filme obrigao 😉

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