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“Os Miseráveis (Les Misérables)” de Ladj Ly

Filme francês do ano!

Tensão racial, social e cultural no limite da realidade, num retrato de uma era… esquecida?

A relevância da obra de Ladj Ly parece-se ter esfumado em poucas semanas! Isto não quer dizer que os factos se tenham alterado, mas, comparando com a situação atual, percebe-se a pequenez da história… e dos Homens.

Se há elemento que a atual pandemia revelou, foi a mais elementar democratização da situação. Sem olhar a credos, riqueza, cultura ou sexo, estamos todos irremediavelmente no mesmo barco. Num contraste profundo com Les Misérables!

No filme francês que além de roubar o título à obra de Victor Hugo, apropria-se em grande parte do seu espírito de revolta e conflito, o epicentro é um bairro social nos arredores de Paris – onde o próprio escritor escreveu a sua obra máxima da literatura francesa no século XIX – um local multicultural e efervescente, onde a ténue linha entre vítimas e culpados é ultrapassada a cada minuto. Uma obra explosiva que não faz reféns, nem toma partidos.

Stéphane Ruiz (Damien Bonnard) é o maçarico de serviço. Recentemente transferido para a esquadra de proximidade, o policia mantém, por agora, os seus valores e princípios intocáveis. Porém, meras 24h na companhia de 2 veteranos nas patrulhas do bairro, Chris (Alexis Manenti) e Gwada (Djebril Zonga), irão colocar à prova todas as teorias e ideais do jovem brigadeiro.
Montfermeil é, por estes dias, um autêntio barril de pólvora pronto a explodir. E quanto, inadvertidamente, um rastilho é acendido… BOOM!!!

A verdade – e essa é, de todas, a sua principal característica – é que o filme consegue mantermos em suspenso durante praticamente todo o tempo. Sem percebermos ao certo onde iremos chegar e como o faremos, o desastre está sempre à beira de acontecer. E, acontece.

Parece já um tempo longínquo, mas foi há pouco mais de um mês que Les Misérables venceu o prémio máximo do Cinema Francês – juntamente com o Prémio do Público e de Melhor Ator Revelação.

Um grande filme, repleto de mensagens mais ou menos explícitas… e um enorme ponto de interrogação exclamação:

“Mes amis, retenez ceci, il n’y a ni mauvaises herbes ni mauvais hommes. Il n’y a que de mauvais cultivateurs.”
Victor Hugo

Muito brevemente, disponível no videoclube da tua Box e em DVD.

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