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“The Operative – Agente Infiltrada” de Yuval Adler

Não podemos deixar de repetir uma das mais interessantes características da atual conjetura cinematográfica: a oportunidade de ver o outro lado da moeda.

Depois de Wasp Network ter demonstrado que há espiões – não interessa se “bons ou maus” – de todas as nacionalidades, The Operative aprofunda ainda mais a temática, ao ponto de não ter problemas em questionar a legitimidade e os métodos dos ocidentais, nessa Guerra obscura contra os Estados do Médio Oriente.

O crescendo de tensão e auscultação conseguido pelo realizador israelita Yuval Adler é do melhor que temos vistos no género nos últimos anos e não fosse um desenlace totalmente insonso, estaríamos perante um daqueles filmes que marcam uma geração.

Pode parecer um exagero, mas o retrato de Diane Kruger como Rachel, a despretensiosa agente secreta que começa a questionar os seus atos, é de facto cativante e revelador. O percurso de Rachel no mundo da espionagem é o mais natural possível. O seu crescente envolvimento com os meandros obscuros dessa insuspeita profissão é apresentado da forma mais neutral possível, deixando ao espetador a opção de acreditar em quem e no que quiser.

O senão é que o argumento não tem coragem para assumir uma posição. No momento chave deixa-nos no meio da ponte, em suspenso, sem direito a um verdadeiro desenlace.
Muitas vezes a verdadeira mensagem está no percurso, nas questões, na dúvida, mas, neste caso, fica infelizmente um enorme vazio por preencher. Quando o filme podia superar-se, opta por ser apenas…

Fica a comprovada qualidade dos intervenientes – nos quais se inclui Martin Freeman, no papel de Thomas – e a certeza que o mundo é um local ambíguo e surpreendente, no qual, a larguíssima maioria de nós, vagueia sem a mínima noção do que nos rodeia.

Há, inquestionavelmente, um outro mundo cinematográfico para lá da indústria norte-americana. Um em que a linha que separa os bons dos maus, o certo do errado ou do incerto, é bem mais ténue e maleável.

Cabe-nos um sentido crítico e estético para apreciá-lo.

Vale bem a pena!

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