Em Setembro, nos cinemas portugueses…
Setembro, mês da acção e do suspense no Doces ou Salgadas?. Ao bom estilo norte-americano iniciamos o mês com um double-header, porque o Cinema está DE VOLTA!! #VENHAMAOCINEMA
Começamos a sessão com UNHINGED. Para além da bandeira de ter sido a primeira grande estreia mundial, com um ator de craveira internacional, o filme protagonizado por Russell Crowe promete ser verdadeiramente eletrizante. O ponto de partida simples e comum (quem nunca teve uma discussão mais ou menos acesa no trânsito?!?) garante a curiosidade e o apelo do público, e o desempenho do ator australiano – pelo menos pela amostra – promete justificar plenamente a visita à sala de cinema. Para o bem e para o mal, expetativas elevadas em relação ao filme do alemão Derrick Borte.
Depois do intervalo, ANTEBELLUM. Se a dose de suspense continua em alta, o filme de Gerard Bush e Christopher Renz pisca o olho – ou ambos! – ao terror. Na linha de GET OUT e US, o filme protagonizado por Janelle Monáe mistura fantasia com crítica social, ao colocar o dedo bem fundo na feriado do racismo e na xenofobia. Difícil de explicar, pelo menos assim parece, o filme atravessa diferentes épocas marcantes da História dos EUA, aos olhos de uma mulher negra bem sucedida. Terá um pouco de A Christmas Carol e MUITO de um novo cinema que estimula, quer pela imagem, quer pela mensagem.
Curiosamente, o género não se esgota, este mês, nestes dois poderosos filmes. THE RENTAL parece seguir um paradigma mais convencional – a meio caminho entre Scream e The Cabin in the Woods – jogando com os prazeres e os medos de um retiro idílico isolado do mundo. O filme marca a estreia de Dave Franco como realizador, e conta com um elenco com nomes como Dan Stevens ou Alison Brie. Dois casais alugam uma casa para o fim-de-semana. A ideia de diversão, descanso e companheirismo será fortemente abalada com os 4 descobrem algo sinistro na moradia alugada, outrora aparentemente inofensiva.
Regressamos a uma certa normalidade, com o filme mais aguardado do mês… pelo menos para os mais jovens. Josephine Langford e Hero Fiennes Tiffin voltam aos papéis de Tessa e Hardin, depois do sucesso do capítulo original, em 2019. Se em frente das câmaras nada mudou – para além da relação entre os protagonistas – atrás, há algumas alteração importantes. Roger Kumble assume a realização e, mais importante ainda, a autora Anna Todd passa a contribuir para o argumento de forma mais decisiva e factual. E, segundo consta, com inegáveis melhorias na fidelidade do filme ao livro. Depois do conturbado início do seu romance, Tessa e Hardin, sentem dificuldade em lidar com o respetivo passado, ao mesmo tempo que olham desconfiadamente para o seu futuro, em conjunto. I.e. boy meets girl…
Damos um salto ao cinema de animação – algo ainda raro nas nossas salas de cinema neste regresso – para ANIMAL CRACKERS. Filme para toda a família, a obra em torno das bolachas em forma de animais tem um conceito inicial castiço e com panos para mangas. Uma caixinha de bolachas que permite a quem as come transformar-se no animal que ganha forma pela mágica mistura de manteiga, açúcar e farinha. Para mais quando o seu novo dono tenta revitalizar um Circo à beira de falência. Há heróis, há vilões, há bolachas e palhaços, animais e malabaristas. Está verdadeiramente na hora das famílias voltarem, em consciência, aos cinemas.
Se o cinema de animação está de volta, o cinema-catástrofe é igualmente bem vindo. Gerard Butler é o chefe de família que tudo fará para colocar os seus em segurança quando um asteróide prepara-se para embater no nosso planeta. Com os segundos a contar e o pânico a proliferar, serão vários os desafios que a família Garrity terá de superar em busca do “El Dorado“. Butler e Morena Baccarin são os heróis de serviço, num filme realizado por Ric Roman Waugh (que trabalha com o escocês na saga Has Fallen). GREENLAND não irá levar ninguém ao espaço (vide Armageddon ou o mais recente Geostorm) mas, com os pés bem assentes no chão, a aventura pode ser igualmente poderosa e eletrizante.
Da eletricidade para o nuclear. Passaram-se mais de 100 anos, mas a vida e, especialmente, a obra de Marie Curie continua a ser alvo do maior fascínio e algumas reticências. Dois prémios Nobel depois, a cientista e génio deixou um legado que interessa conhecer e revelar. E se as descobertas de Curie merecem o devido tratamento cinematográfico, Rosamund Pike continua a empilhar desempenhos superlativos. E parece novamente destinada à noite dos Oscars. RADIOACTIVE é realizado pela iraniana Marjane Satrapi que volta a saltar para as luzes da ribalta, 13 anos depois da nomeação do seu Persepolis para o Oscar de Melhor Filme de Animação. Que se faça luz… ou radioatividade, neste caso.
Aproximamos-nos do fim desta antevisão e mudamos em definitivo para um registo mais comedido. A primeira paragem é na Toscânia, esse pedaço de terra do nordeste italiano onde a luz é mais dourada, e as relações muito mais intensas. MADE IN ITALY é, antes de mais, Liam Neeson e o seu filho, Micheál Richardson, a desempenharam os papéis de pai e filho, a lidar com a perda e reconciliação. À primeira vista pode parecer demasiado autobiográfico, mas a dupla assumiu o desafio e o cenário não podia ser mais apropriado. No filme, pai e filho reencontram-se para vender a antiga casa da família na Toscânia, mas remexer nas memórias é, por norma, sinónimo de renovadas emoções e confusões.
A segunda paragem é na obra do grande Charles Dickens. O autor de A Christmas Carol ou Oliver Twist deixou um legado invejável onde figura, entre outras, uma das suas personagens mais fascinantes, o jovem órfão David Copperfield. THE PERSONAL HISTORY OF DAVID COPPERFIELD de Armando Iannucci (The Death of Stalin), com Dev Patel do papel de protagonista, dá uma roupagem nova nesta viagem de superação e descoberta. Foi um dos filmes mais nomeados aos Prémios do Cinema Independente britânico e para além do material que lhe deu origem conta ainda no elenco com nomes como Hugh Laurie ou Tilda Swinton.
Fechamos o mês com SUMMERLAND. Durante o blitz da II Guerra Mundial, os londrinos recusaram-se a abandonar as suas casas, mas muitas crianças foram enviadas para o campo por segurança. O filme de Jessica Swale coloca uma dessas crianças à guarda de uma escritora (Gemma Arterton), com pouca disposição para tal. Porém, aos poucos, a inocência de um e a solidão do outro, fará com que as defesas se esbatam e partilhem as alegrias e tristezas de tempos sombrios e complexos. Quem sabe, não será uma das boas surpresas desta rentrée?
Em Fúria, Antebellum – A Escolhida e O Segredo das Bolachas são distribuídos pela Pris Audiovisuais
After – Depois da Verdade, Greenland – O Último Refúgio e O Segredo do Refúgio são distribuídos pela Cinemundo
Radioativo, Regresso a Itália, A Extraordinária Vida de Copperfield e Summerland – são distribuídos pela NOS Audiovisuais.
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