“DOG – A AVENTURA DE UMA VIDA” de Reid Carolin e Channing Tatum

Dúvidas houvesse que o cão é o melhor amigo do Homem.
É difícil encontrar um mau filme co-protagonizado por um humano e um canídeo. Na memória mais imediata vem-me logo à ideia K-9 com Jim Belushi e Turner & Hooch, nos primórdios da brilhante carreira de um tal de Tom Hanks. E dezenas de outros exemplos existirão, seguramente.
É assim que chegamos a Channig Tatum e à sua pastor-belga-malinois. Do eterno, primeiro estranha-se depois entranha-se, até ao eterno olhar de cachorro abandonado de ambos os ex-militares, não é difícil conquistar o público.
Os caminhos de Briggs e Lulu cruzam-se uma derradeira vez quando o Ranger, a recuperar de um trauma recente, é incumbido de acompanhar a cadela ao longo de mais de 6000 kms para estar presente no funeral de um dos camaradas de armas de ambos, e fiel companheiro da pastor-belga.
Formados para o combate, ambos os soldados têm dificuldade em interagir no mundo “normal”, para mais quando as mazelas são cada vez mais profundas. Mas durante esta reveladora viagem, nada mais lhes resta do que confiar um no outro. Pode parecer bizarro mas estamos efetivamente a falar de um humano e de uma cadela!
Sem nunca exagerar na dose e com a preocupação de deixar sempre uma visão reconfortante e esperançosa, o filme aborda as consequências do stress pós-traumático com a maior naturalidade e leveza possíveis, mas sem nunca a menosprezar.
A road trip recheada de peripécias e descobertas, leva-nos por entre caminhos perigosos mas quase sempre com uma luz ao fundo do túnel, sob a forma de uma gargalhada ou um beicinho ternurento.
Está frio, chuva e o ambiente (cá fora) não podia ser muito mais deprimente. Mas, no conforto de uma Sala de Cinema, há espaço para sorrir, retemperar forças e encher o coração.
Como só um pastor-belga-malinois especialista em ações militares saberia fazer.

