“The Batman” de Matt Reeves
O conflito geracional e os filmes de super-heróis.
Quando deixamos de olhar para o Cinema com o fascínio dos 20 anos e a admiração dos 30, ficamos naturalmente mais racionais, contemplativos, comparativos e… sisudos, vá lá.
Filosofias à parte, as comparações são cada vez mais inevitáveis, não só pela racionalidade, mas sobretudo pela experiência do passar dos anos. Têm-se tornado mais evidentes nos filmes de (super-)heróis, pela recorrente recauchutagem de histórias, heróis e protagonistas a que o género se predispõe.
Ver, por exemplo, os filmes Daniel Craig como 007 e compará-lo com Sean Connery é um exercício sempre utópico de análise entre a atualidade vs um VHS (ou DVD) manhoso transformado em Cinema, 30 anos depois da sua estreia.
No caso de Batman – colocando de parte a fantasiosa série de TV dos anos 60 – os heróis morcego de Michael Keaton, Christian Bale e Robert Pattinson fazem TODOS parte da minha experiência pessoal de Cinema e, por mais complicado que possa parecer, a comparação é bem mais assertiva e inevitável.
Pattinson é um bom rapaz, mas está longe de ser O Batman ou mesmo Bruce Wayne. Faz lembrar, até certo ponto, a estreia de Craig no papel de James Bond (Casino Royale). Havia muito potencial, como se veio a confirmar mais tarde, mas o processo é longo e desafiante.
Se assim o é, como se alcança tanto reconhecimento, como aquele conquistado pela mais recente obra de Matt Reeves? A resposta é… fácil!
A velha máxima do Cinema, preconiza que “os filmes de super-heróis são tão bons, quantos seus seus vilões”, e nesse capítulo, Paul Dano, bem coadjuvado por Colin Farrell e John Turturro, faz um brilharete!
O seu Ridler, quase sem mexer uma pestana (e só aí perde na comparação com o Joker de Heath Ledger), torna-se maior do que a própria história. Para gáudio dos espetadores, sedentos por um filme de super-heróis que não se limite aos chavões típicos do género.
São quase 3 horas de vai e volta, mas mal se sente o passar do tempo. Há muito para contar e muito para descobrir e pela primeira vez numa década de filmes da DC Comics, ninguém se importa que o filme seja soturno, sombrio e penoso.
É a Vingança!