“Quebra de Confiança/Breach” de Billy Ray
Numa análise mais espontânea poderíamos ter a tentação de comparar este filme com O Bom Pastor/The Good Shepherd, porém, tal comparação acabaria por ser um pouco desajustada. Na sua génese ambos os filmes abordam histórias verídicas ligadas ao mundo da espionagem e, sobretudo, da contra-espionagem mas, o caminho escolhido acaba por se revelar bastante distinto.
No filme de Robert de Niro, juntamente com o mundo dos Serviços Secretos, há a preocupação em apresentar as repercussões e exigências que a profissão acarreta na vida pessoal e familiar de todos os envolvidos, para além de recriação de época necessária a uma história com mais de 40 anos. Já neste filme, a trama cinge-se, quase por completo, à relação professor/aluno, pai/filho que se estabelece entre Robert Hanssen (Cooper) e Eric O’Neill (Phillippe) e as consequências que os respectivos actos têm nas suas vidas.
Billy Ray, realizador responsável por Shattered Glass: Verdade ou Mentira, também este, um filme baseado numa história verídica que abordava a mentira e a traição, contudo a nível jornalístico, acaba por nos proporcionar um bom filme, conseguindo manter uma constante inquietação apesar do desenlace já ser conhecido.
Igualmente de parabéns estão o veterano Chris Cooper e o jovem Ryan Phillippe, (Flags of Our Fathers), demonstrando uma química perfeita neste “jogo do gato e do rato” que se mantém ao longo de todo o filme. Realce, ainda, para a presença de Laura Linney que recentemente podemos ver em O Homem do Ano/Man of the Year.
Em suma, estamos perante um filme de qualidade que, contudo, por vezes parece ter medo de pôr o dedo na ferida.